O repto foi lançado foi lançado pelo Vice-Almirante Nuno Chaves Ferreira, Diretor Geral da Autoridade Marítima Nacional, durante a Semana do Mar, em julho e, ontem, uma comitiva da Federação Portuguesa de Natação, liderada pelo seu presidente Miguel Arrobas, realizou uma visita oficial à Direção dos Faróis, em Paço de Arcos, tendo em vista a criação de uma parceria estratégica com a Marinha Portuguesa centrada sobretudo nas disciplinas de águas abertas e polo aquático. Além da Direção dos Faróis a comitiva visitou também a Escola Náutica Infante D. Henrique a piscina Oceânica.
A Federação Portuguesa de Natação olha para esta parceria como uma oportunidade para expandir a prática da natação a diferentes públicos, reforçar a captação de talentos para as seleções nacionais e criar condições para treinos e estágios de alto rendimento, como a criação de um centro de treino desportivo de atividades aquáticas, aproveitando as infraestruturas da Direção de Faróis, bem como os apoios de entidades parceiras como o Centro de Logística do Exército, a Escola Náutica Infante D. Henrique e a Piscina Oceânica, potenciando também a imagem do concelho de Oeiras no quadro da sua Estratégia para o Mar 2030.
«Foi uma visita tendo em vista a assinatura de um protocolo em breve, envolvendo várias entidades, desde logo a Direção de Faróis. É algo que envolve outras federações, o que dá mais peso a todo este projeto, mas com a natação queremos trazer não apenas as águas abertas, como temos também um plano de água muito bom para beach polo que pode vir a ser uma modalidade ainda mais de futuro. Tendo esta oportunidade vamos agarrá-la com os dois braços», disse Miguel Arrobas, já conhecedor do potencial das infraestruturas para o desenvolvimento da modalidade: «Este projeto tem um potencial muito grande. Já vimos a trabalhar nele há algum tempo, todas estas ideias nasceram há mais de um ano e, agora, pensa-se em operacionalizar. E é bom ver entidades públicas sobre a tutela do Ministério da Defesa Nacional, como a Marinha, ou a escola náutica, do Ministério da Educação, Ciência e Inovação, mas também o quartel do exército que poderão ser importantes no apoio a estágios, treinos e competições. É aliar o setor público ao setor do desporto tão necessitado que está de outro nível de apoio que não somente o Estado a cem por cento.»
«Estamos a trabalhar com os parceiros iniciais, mas a ideia é alargar a outros e, obviamente, que a Câmara Municipal de Oeiras, sabendo que íamos ter esta iniciativa, fez questão de aliar-se e de ter representantes para conhecer o projeto. A ideia é que isto escale para outro nível de apoios que, juntos, darão mais força ao projeto», sublinhou, frisando que pretende em breve que algumas iniciativas de águas abertas possam já realizar-se nestas instalações: «Tendo em conta que estamos a falar de modalidades que precisam do mar penso que seria lógico pensar que no início do calendário de águas abertas possamos já fazer algumas iniciativas. Mas a verdade é que a própria Marinha está aberta para que amanhã possamos vir treinar e experimentar.»
A visita à Direção dos Faróis aconteceu da parte da manhã e a comitiva federativa teve como cicerone o Comandante Pedro Miranda de Castro, antigo atleta de polo aquático, além do engenheiro António Oliveira. «É uma dupla satisfação. Em primeiro lugar pela abertura da Marinha à sociedade civil, uma consequência natural, fruto da sua missão em tudo o que tenha a ver com o espaço marítimo, com a sua costa. Por maioria da razão, faz todo o sentido que a prática de modalidades ligadas à água e ao mar e o seu desenvolvimento seja através da Marinha. Por isso, o fazer parte deste projeto de abertura e que se desenvolva atividade com a Federação Portuguesa de Natação é, além de uma honra, um prazer, mas também uma responsabilidade que acho que devemos assumir até pela sua importância estruturante na sociedade. É serviço público e isso é que nos interessa», frisou, assumindo que não consegue ficar muito tempo sem estar em contacto com o mar: «A prática de modalidades aquáticas é algo intrínseco e desde muito novo. Quando concorri e entrei na Escola Naval, em 1985, eram os primórdios do ressurgimento do polo aquático e a equipa onde jogava na altura, o CDUP (Centro Desportivo Universitário do Porto) foi campeã nacional. Por isso, o poder de alguma forma estar a contribuir para o desenvolvimento e apoio das modalidades, da natação em todas as suas vertentes, águas abertas, polo aquático, beach polo e a própria natação clássica é, para mim, um prazer redobrado e quero deixar um obrigado pelo desafio», confessando ainda que será tentado a matar saudades do… CDUP: «Sem dúvida que ficarei tentando a nadar, farei aquilo que o corpo me deixar (risos), haja disponibilidade física porque mental há de certeza. Uma das coisas que me equilibra é nadar, o contacto com a água e quando estou muito tempo sem poder nadar preciso de mais horas para dormir, fico mais irritadiço… Como disse é intrínseco, faz parte de nós, é saudável e devemos fomentar a sua prática. Por isso, havendo oportunidade com certeza que irei á água.»
Além do presidente Miguel Arrobas, esteve também presente Mariana Vieira da Silva (presidente da Mesa da Assembleia Geral), Eduardo Almeida Faria (secretário da Mesa da Assembleia Geral), João Campos (Diretor Geral), Pedro Meireles (Assessor Jurídico), Marta Bastos (Diretora Financeira), Daniel Viegas (Diretor Técnico Nacional águas abertas), Paulo Tejo (Diretor Técnico Nacional polo aquático), Pedro Brandão (Diretor de Competições) e Miguel Domingues (Diretor Cronometragem).
Daniel Viegas e Paulo Tejo entusiasmados
Daniel Viegas, Diretor Técnico Nacional de águas abertas, não ficou indiferente às condições que estas infraestruturas podem oferecer no futuro à disciplina. «Esta parceria pode abrir-nos as portas a algumas concentrações e estágios, ou seja, é uma casa que nos pode acolher várias vezes durante o ano pois tem todas as condições desde alojamento, refeitório e uma baía protegida para os atletas se treinarem. Além disso temos outras valências aqui perto a próprio praia é boa para trabalhar águas abertas. Podemos ter também vantagens financeiras, com custos mais controlados para poder fazer mais coisas no futuro», afirmou, mostrando-se algo surpreendido com as instalações: «Passamos várias vezes por estes sítios e não fazemos ideia. São instalações muito perto da federação e não temos a noção da dimensão. É um espaço agradável, amplo e muito diversificado pois tem várias valências que nos podem ajudar no desenvolvimento das nossas atividades.»
Já Paulo Tejo, Diretor Técnico Nacional de polo aquático, falou de condições muito interessantes. «Temos um local excelente para, pelo menos, o beach polo, além das condições que tem ao nível de alojamento e de alimentação para eventuais estágios de seleções nacionais. É uma área muito interessante para montar um ou mais campos de beach polo, naquilo que se prevê no futuro que seja um investimento forte que a World Aquatics quer fazer e que terá tendência a crescer em Portugal, até para fazer alguns encontros de escalões de formação numa vertente mais lúdica. Esta parceria é também uma ferramenta que poderá acrescentar valor no sentido da promoção da modalidade, porque todo o cenário é extremamente atrativo e tem condições fantásticas para podermos fazer atividades que nos deem visibilidade», afirmou.