10 melhores momentos da natação portuguesa em 2024
por João Bastos
Nos últimos minutos antes de mergulharmos de cabeça no ano 2025, é tempo de passar em revista o ano 2024, um ano bastante recheado de grandes competições.
Com efeito, 2024 fica marcado como o único ano de sempre em que se disputaram Jogos Olímpicos, Mundial e Europeu, nos últimos resquícios das perturbações do calendário internacional provocadas pela pandemia.
Mas para a seleção nacional, 2024 não fica apenas como um ano com muitas entradas na agenda. De muitos momentos altos da natação portuguesa durante o ano que agora finda, listam-se em seguida apenas 10, que ficarão, certamente, para a posterioridade.
Que venha 2025 com novos e redobrados sucessos.
Diogo Ribeiro de ouro em Doha: O dia 12 de fevereiro de 2024 fica na História da natação portuguesa como o dia em que, pela primeira vez, foi entoada “A Portuguesa” num campeonato do mundo de natação.
Foi o dia em que Diogo Ribeiro se sagrou campeão do mundo nos 50 metros mariposa, numa prova memorável que nem começou muito bem (com uma partida “lenta”), mas acabou em grande com o tempo de 22.97 que valeu ouro, numa prova onde o nadador português teve a companhia no pódio de Michael Andrew e de Cameron McEvoy.
O feito já de si merecia a primeira distinção nesta lista, mas, três dias depois, o nadador de Coimbra voltou a subir ao lugar mais alto do pódio, e desta vez numa prova do calendário olímpico, os 100 metros mariposa.
Os 51.17 que foram recorde nacional valeram novo ouro ao nadador do Benfica, desta vez levando a melhor sobre Jakub Majerski e Simon Bucher.
Diogo Cancela de bronze em Paris: Dia 1 de setembro de 2024 também fica gravado como um dia feliz para a natação portuguesa, com a medalha de bronze de Diogo Cancela nos 200 metros estilos nos Jogos Paralímpicos de Paris.
Também natural de Coimbra, o nadador do Louzan Natação, que já tinha sido vice-campeão do mundo na mesma prova, em 2023, e vice-campeão da europa, em 2024, mostrou que é um dos melhores do mundo na sua classe – SM8 – e quebrou um jejum de medalhas na natação em Jogos Paralímpicos para Portugal que já durava desde 2008.
Cancela conquistou, assim, a 10.ª medalha para natação paralímpica portuguesa.
Camila Rebelo de ouro nos Europeus de Belgrado: Não há duas sem três, mais uma nadadora de Coimbra a brilhar em 2024.
No dia 18 de junho, a nadadora do Louzan Natação e da seleção nacional bateu o recorde nacional dos 200 metros costas com o tempo de 2:08.95, mas, mais importante que isso, tornou-se na primeira nadadora (ou nadador) portuguesa a sagrar-se campeã da Europa de piscina longa.
Na final bateu duas húngaras, a jovem Dora Molnar e a mais experiente Eszter Szabo-Feltóthy.
Angélica André de bronze em Doha: Nas águas abertas também foi conseguido o resultado de maior projeção mundial de sempre no ano 2024.
Angélica André foi bronze mundial na prova dos 10 km que se disputou no dia 3 de fevereiro em Doha.
A nadadora do FC Porto fez uma prova brilhante sendo apenas superada pela campeã olímpica do Rio de Janeiro (e uns meses mais tarde também de Paris) Sharon van Rouwendaal e pela espanhola Maria de Valdés.
Depois do bronze nos 10 km nos Europeus de Roma em 2022, esta foi a segunda medalha numa grande competição internacional para a nadadora natural de Matosinhos.
Francisca Martins de bronze nos Europeus de Belgrado: A capital Sérvia fica marcada na história da natação portuguesa como a sede do Europeu que deu a primeira medalha à natação feminina de Portugal…e foram logo duas…e logo por duas nadadoras diferentes.
Se o ouro de Camila Rebelo foi logo no segundo dia dos Europeus, o bronze de Francisca Martins veio no último dia de competição.
A nadadora do FOCA de Felgueiras foi terceira na prova dos 400 metros livres, sendo acompanhada no pódio pela húngara Ajna Kesély e pela checa Barbora Seemanova.
Apesar de não ter conseguido o seu principal objetivo da época – o apuramento olímpico – Francisca tem razões para guardar boas memórias do ano 2024.
Vicente Pereira com recordes atrás de recordes: Há cada vez menos dúvidas que em Portugal mora o melhor nadador do mundo com síndrome de Down. É o sportinguista Vicente Pereira, nadador da classe S21.
Logo em março, no mundial DSISO que decorreu em Antalya, estabeleceu um novo recorde do mundo dos 100 livres e outro nos 100 mariposa. Participou ainda na estafeta portuguesa 4x100 estilos que também chegou ao recorde do mundo da classe S21.
Em junho bateu os seus próprios recordes do mundo dos 50 metros livres e 50 metros mariposa, no decorrer dos nacionais de natação adaptada que decorreram em Vila Franca Xira.
Novembro foi um mês em cheio para Vicente Pereira. Começou nos dias 8, 9 e 10 no Open dos EUA, em Orlando na Florida, uma competição em piscina curta, onde estabeleceu novos recordes do mundo aos 50 e 200 metros livres.
Na semana seguinte, foi até ao Open da Grã-Bretanha melhorar mais três máximos mundiais de piscina curta, que também já lhe pertenciam: 50 e 100 metros mariposa e 100 metros estilos.
Já este mês, no dia 8, nos nacionais da Guarda, o lisboeta bateu mais um recorde do mundo que já lhe pertencia, o dos 100 metros livres.
Em resumo, no ano 2024, Vicente Pereira estabeleceu onze recordes mundiais e é atualmente o detentor de dez recordes do mundo individuais e participante em mais dois recordes do mundo de estafetas.
Mário Carvalho, Carlos Pedrosa, José Freitas e Susana Gomes com medalhas internacionais: Na natação master já estamos mais habituados aos grandes resultados internacionais. Em ano de Mundiais e Europeus, foram 9 medalhas internacionais conquistadas por nadadores portugueses.
O maior destaque vai para o título de campeão do mundo na categoria 45-49 anos de Mário Carvalho, do Futebol Clube do Porto.
Carlos Pedrosa, dos Bombeiros de Ponta Delgada, foi campeão da Europa no escalão 30-34, na prova de 50 metros mariposa. Foi ainda bronze no campeonato do Mundo de Doha na mesma prova e bronze nos 100 mariposa nos Europeus de Belgrado.
José Freitas competiu nos mundiais de Doha em representação do CLIP Teams e foi o nadador português que mais medalhas arrecadou. O nadador da categoria 60-64 foi prata nos 400 metros livres, 800 metros livres e 3 km em águas abertas e ainda bronze nos 200 metros livres.
Susana Gomes, do Naval do Funchal, conquistou duas medalhas de prata nos mundiais, em fevereiro, na categoria 45-49. Foi a segunda melhor do mundo nos 50 e 100 metros mariposa.
Referência ainda para dois nadadores estrangeiros que competiram por equipas portuguesas nos certames internacionais e atingiram lugares de pódio: Débora Jaconi (Bombeiros dos Estoris) foi ouro, prata e bronze (65-69) nos Europeus, respetivamente nas provas de 50 bruços, 50 livres e 100 livres e Maciej Szymanski (Naval do Funchal) foi 3º nos 50 metros costas (40-44) nos mundiais.
Dueto português na final do mundial: Já é tradição que, cada vez que entram na água, o dueto da Gesloures, composto por Maria Beatriz Gonçalves e Cheila Vieira quebrem barreiras inéditas para a natação artística portuguesa.
Este ano foi no Médio Oriente, nos mundiais de Doha, que a dupla portuguesa trouxe a melhor classificação de sempre em campeonatos do mundo.
Beatriz e Cheila já tinham estado na final do mundial de Fukuoka, em 2023, quando foram 11.ªs classificadas no dueto técnico. Em Doha fizeram melhor e foram 8.ªs classificadas na mesma prova.
O sonho olímpico esteve muito perto, mas num twist dramático, proporcionado pelas intricadas e complexas regras para o apuramento olímpico, deixou as portuguesas fora de Paris.
Portugal campeão do Torneio das Nações em Polo Aquático: A seleção nacional masculina absoluta de polo aquático participou no Torneio das Nações 2024 (EU Nations Water Polo Cup) e sagrou-se campeã desta competição.
Numa final muito disputada com a Ucrânia, que só foi decidida nas grandes penalidades, a equipa comandada por Fernando Leite venceu este troféu, num percurso imaculado.
Na fase de grupos venceu o grupo D, onde defrontou e venceu a Dinamarca e a Inglaterra, nos quartos de final venceu a Suécia e nas meias-finais derrotou a Eslováquia.
Para além da vitória coletiva, Pedro Sousa foi um dos três melhores marcadores do torneio com 20 golos em 5 jogos disputados.
Luísa Fragoeiro Arco 13.ª no mundial de juniores: Continuamos a acompanhar de perto e à distância o percurso da saltadora portugueses Luísa Fragoeiro Arco, radicada no Canadá.
Depois do sucesso no Europeu de juniores em 2023, com a medalha de prata na prova de plataforma (7,5m), em 2024 a portuguesa deu mais um salto na carreira com a participação no Mundial de Juniores no Rio de Janeiro.
Nesta participação, o melhor resultado veio no trampolim de 3 metros, onde Luísa foi 13.ª classificada.
2025 perspetiva-se como mais um ano de afirmação da jovem saltadora portuguesa que segue no encalce de repetir o feito de Joana Figueiredo, a nossa única atleta olímpica da disciplina de saltos para a água, em Los Angeles 1984.