Balanço dos Nacional de Juvenis, Juniores e Seniores Jamor 2024
Por João Bastos
Não foram ainda as despedidas da época nacional 2023/2024 na natação pura, uma vez que faltam os nacionais de infantis, mas no rescaldo destes campeonatos nacionais os destaques também passam por despedidas…
O Jamor acolheu os Campeonatos Nacionais de Juvenis, Juniores e Seniores de 12 a 14 de julho, uma competição que serviu também para um último teste de três dos cinco olímpicos antes da partida para Paris.
Vamos aos principais destaques por escalão:
Seniores
José Paulo Lopes (SCB): Na despedida do seu treinador, Luís Cameira, o seu pupilo brindou-o com a segunda melhor prestação em campeonatos nacionais da sua carreira e foi o nadador sénior masculino com mais medalhas de ouro. Venceu os 400, 800 e 1500 metros livres e ainda os 400 metros estilos, provas que José Paulo Lopes já venceu várias vezes, mas as quatro em simultâneo só o fez antes em 2018, quando foi campeão nacional absoluto destas provas e ainda dos 200 metros estilos.
Em 2019 também havia sido campeão nacional (absoluto) de quatro provas na mesma edição dos campeonatos nacionais, mas, nessa ocasião, venceu os 200 estilos em vez dos 400 estilos.
Francisca Martins (FOCA): Apesar da frustração natural por ter andado no último ano tão perto do sonho olímpico e vir nadar estes nacionais já sabendo que esse objetivo terá de ficar adiado quatro anos, a nadadora de Felgueiras não baixou os braços e foi a nadadora sénior feminina com mais vitória.
Venceu os 100, 200 e 400 metros livres e os 200 metros estilos. O grande destaque cronométrico é o novo recorde nacional absoluto dos 100 metros livres com 55.88, tornando-se na primeira portuguesa abaixo dos 56 segundos.
Gabriel Lopes (ALN): Na mesma situação de Francisca ficou Gabriel Lopes. Até à última oportunidade tentou repetir a presença olímpica nos seus 200 estilos e ficou na expetativa ainda mais tempo com a possibilidade (apesar de muito remota) de entrar pela estafeta masculina 4x100 estilos.
Não se tendo verificado o regresso ao maior palco da natação mundial, marcou presença no lugar mais alto do pódio nacional com a vitória em três provas: 50 e 100 costas e os seus 200 estilos.
Ana Pinho Rodrigues (EDV): Mais um campeonato nacional onde a nadadora da Desportiva de Viana é um dos destaques, mais uma vez com três títulos de campeã nacional, e mais uma vez dos 50 livres, 50 e 100 bruços.
Em cada campeonato que nada, Ana Pinho Rodrigues atinge marcas impressionantes de número de vitórias. Por exemplo, foi a 30.ª vez que foi campeã nacional sénior ou absoluta dos 50 bruços, considerando piscina longa e curta, a 28.ª vez que se tornou campeã nacional sénior ou absoluta dos 50 metros livres e a 21.ª vez que foi campeão nacional sénior ou absoluta dos 100 metros bruços.
Nunca perdeu uma prova de 50 metros bruços em campeonatos nacionais, seja de piscina longa ou curta!
Francisco Quintas (SCP): O sportinguista dominou as provas de bruços e venceu as três distâncias da técnica, protagonizando excelentes duelos com Gabriel Lopes (nos 100) e com André Grenho (nos 50).
Apesar de Francisco Quintas ser, nos últimos anos, um habitual campeão nacional de qualquer das distâncias da técnica de bruços, esta foi a primeira vez que venceu as três na mesma edição de um campeonato nacional. Na sua carreira, considerando títulos de sénior ou absoluto em piscina longa e piscina curta, já venceu por duas vezes os 50 bruços, por oito vezes os 100 bruços e por seis vezes os 200 bruços.
Juniores
Catarina Franco (SLB): Regressada de Vilnius, na Lituânia, onde representou Portugal nos campeonatos da Europa de Juniores, a benfiquista voltou a afirmar-se como a melhor nadadora da sua geração, sendo a única nadadora júnior a ser tetra-campeã.
Venceu os 50, 100, 200 e 400 metros livres, precisamente as quatro provas que nadou na Lituânia.
Rafaela Mendes (CNTN): Em edições anteriores dos campeonatos nacionais de juniores, as provas de costas no setor feminino têm sido bastante disputadas com uma elevada dispersão de títulos, nomeadamente entre Maria Neves, Mafalda Mesquita e Rafaela Mendes.
Mas no Jamor, a jovem do Torres Novas não deu hipótese à concorrência e venceu as três distâncias, 50, 100 e 200 metros.
Destaque para a última prova que nadou, os 100 metros costas, onde marcou 1:04.85, aproximando-se bastante do 1:04.59 exigido para os Europeus de Juniores, lembrando que Rafaela é júnior, no plano europeu e mundial, durante mais dois anos.
Juvenis
Vera Gonçalves (JACL): Excelentes campeonatos da jovem do Juventude Atlântico.
Vera venceu os 100 metros livres, os 50 e 100 metros costas na classificação juvenil e foi a nadadora juvenil mais pontuada com 661 pontos FINA pelos 59.35 que marcou nos 100 metros livres.
Duarte Ferreira (FCP): Para além de ser o nadador masculino com mais vitórias, estabeleceu ainda um novo recorde nacional.
O juvenil do Futebol Clube do Porto venceu os 100 metros livres, os 50 e 100 metros mariposa, sendo que foi nos 50 mariposa que bateu o seu próprio recorde nacional juvenil-A, com 25.48, mas foi nos 100 livres que estabeleceu a melhor pontuação FINA com 674 pontos correspondentes aos 53.42.
Alana Matias (CUC): A nadadora do Clube União de Coimbra foi a melhor fundista juvenil dos campeonatos.
Venceu os 200, 400 e 800 metros livres, registando uma excelente evolução, na medida em que nos nacionais de Coimbra, em abril, tinha sido “apenas” primeira nos 200 livres e segunda nos 400.
Miguel Oliveira (VSC): O juvenil-B do Vitória de Guimarães não surge nesta lista de destaques por ter sido dos mais ganhadores dos campeonatos nacionais. Venceu os 100 metros costas juvenis, mas foi nos 50 metros costas que se destacou, apesar de ter sido segundo classificado.
Estabeleceu um novo recorde nacional da sua categoria, melhorando um tempo que já era seu, e fixando o novo recorde em 27.53.
As despedidas:
Estes campeonatos nacionais também foram pródigos em despedidas, como sempre acontece na última prova de cada época e mais se intensifica na última época de um ciclo olímpico.
No Jamor a natação nacional despediu-se (de alguns por breves momentos) dos seguintes agentes desportivos:
Ana Catarina Monteiro (CFV): a nadadora de 31 anos deixa uma carreira de 20 anos, que teve o seu zénite na meia-final olímpica inédita para a natação feminina portuguesa. Foi 11.ª nos Jogos Olímpicos de Tóquio, na sua prova de sempre, os 200 mariposa.
Nos destaques da sua carreira não faltam também o 5.º lugar nos 200 mariposa nos Europeus de Glasgow 2018 e o sexto lugar no mundial de piscina curta de Hangzhou 2018.
Participou numa edição dos Jogos Olímpicos, 2 mundiais de piscina longa, 2 mundiais de piscina curta, 4 europeus de piscina longa, 3 europeus de piscina curta, 2 jogos do mediterrâneo, uma universíada e um festival olímpico da juventude. Foi ainda a única nadadora ou nadador português de sempre a participar numa liga profissional, a ISL.
Tamila Holub (SCB): a nadadora do Braga anunciou nas redes sociais, já depois de terminados os campeonatos, que iria pausar a sua carreira, sem data ou certeza de regresso.
Tamila marcou uma era no fundo português com vários recordes nacionais nos 800 e 1500 metros livres.
Cedo veio um ponto muito alto na sua carreira, o título europeu de juniores aos 1500 metros em 2016, onde se sagrou também vice-campeã da Europa de juniores aos 800 metros livres. 2016 nunca lhe sairá da memória por ter sido também o ano da sua estreia olímpica, no Rio de Janeiro.
Foi finalista por quatro vezes em campeonatos da Europa, destacando-se o 5ª lugar em Roma 2022.
Ao longo da sua carreira participou em dois Jogos Olímpicos, 4 mundiais de longa, 2 mundiais de curta, 3 europeus de longa, 3 europeus de curta, 2 Jogos do Mediterrâneo, 1 Universíada, 1 Mundial de Juniores, 2 Europeus de Juniores, 2 FOJE e 2 Multinations.
Fernando Silva (CNF): Olímpico pelo Brasil, mundialista por Portugal.
O veterano põe termo à sua longa carreira aos 38 anos. Representou o Brasil em Pequim 2008, onde representou a estafeta canarinha de 4x100 metros livres conjuntamente com César Cielo, Rodrigo Castro e Nicolas Oliveira.
Por Portugal esteve presente nos Mundiais de piscina curta em Anu Dhabi, 2021, onde nadou 50 e 100 mariposa, provas em que era, à data, recordista nacional (hoje ainda é dos 50 mariposa).
Ao longo da sua longa carreira, esteve presente em uma edição dos Jogos Olímpicos, dois mundiais de piscina longa, três mundiais de piscina curta, dois PAN-Pacíficos, um PAN-Americano e uma universíada.
Letícia André (SLB): A grande marca da carreira de Letícia André foi o primeiro sub-2 minutos de uma nadadora júnior nos 200 metros livres. Foi em piscina curta, a terminar o ano 2018, o melhor da sua carreira, aquele onde se estreou como internacional portuguesa nos Europeus de Juniores de Helsínquia.
No ano seguinte voltou a repetir a presença, desta vez em Kazan.
Mantém o recorde nacional júnior-17 anos dos 200 metros livres em piscina curta com 1:59.62.
Luís Cameira (SCB): O treinador do Sporting Clube de Braga faz uma pausa na sua carreira, que veio sempre em crescendo, tendo estado nos últimos dois Jogos Olímpicos, com Tamila Holub (2016 e 2021) e José Paulo Lopes (2021).
Foi no Braga que conseguiu os seus melhores resultados, somando a presença em 5 campeonatos do mundo de piscina longa, 3 campeonatos da europa de piscina longa e 3 de piscina curta.
Ao todo levou 11 nadadores às seleções nacionais, com a maioria a participar em europeus de juniores. Para além de Tamila e José Paulo, levou à seleção Joana Vitoriano, José Couteiro, Duarte Dantas, José Parente, Vânia Neves, André Filgueiras, Elsa Dias, Jorge Silva e Rafael Simões, entre Escola Desportiva de Viana, Viana Natação Clube e Sporting Clube de Braga.
Dalila Lira (ANM): A árbitra da Associação de Natação da Madeira despede-se dos cais das piscinas nacionais ao fim de 39 anos na arbitragem portuguesa.
Foram inúmeras competições nacionais onde foi Juiz Árbitra, maioritariamente na Madeira.
A lista de nadadores, treinadores, árbitros e dirigentes que não voltarão às piscinas em 2024/2025 será mais longa, mas foram destes que tivemos oportunidade de nos despedirmos com um “até já” no Jamor.
Das competições nacionais de natação pura também dizemos um “até já” até dezembro.