Tiago Parati, capitão Fluvial, fez após a final da Taça de Portugal um balanço da participação do seu clube nesta prova, mas também na época de 2024. Caracterizou a formação do Fluvial destacando a sua juventude. O internacional português analisou o momento de “grande competitividade” que o polo aquático masculino vive, e lançou um repto para o futuro.
O Fluvial Portuense venceu o Vitória SC na final da Taça de Portugal Guarda 2024, por 10-09 (4-3 apos GP).
Como analisa esta final da Taça de Portugal?
Gostava de analisar um pouco diferente da final do campeonato. A verdade é que já sabemos que estas duas equipas, tal como o Sporting e o Paredes, tem conseguido resultados muito igualados. Vimos que nas meias finais vencemos por um golo ao Paredes, o Vitória SC resolveu no último quarto vencendo por 3 ao Sporting.
Esta final tem sido apanágio do que tema acontecido nos últimos anos: um jogo muito igualado, muito emotivo, com emoções à flor da pele, é uma final… e ganhamos nós. Por isso, estou extremamente contente. Parece que os penalties são uma sina, mas enquanto cair para o nosso lado eu assino já por baixo.
E o jogo em concreto…
O Vitória entrou muito forte, muito bem estruturados, a criarmos muitas dificuldades. Soubemos aguentar e sofrer durante muito tempo. As coisas não nos estavam a sair muito bem. Que me lembre nos últimos anos o resultado entre as duas equipas nunca tinha ficado em 6-6. As duas equipas defenderam muito bem. Soubemos sofrer e ter a sorte do jogo e de ir buscar o jogo. Tivemos um momento muito importante em que estivemos a perder 3-6 e chegámos ao 6-5. O último período foi muito disputado, Penso que as duas equipas já só estavam com mais coração do que razão e fomos aos penaltis outra vez. Tivemos a felicidade do nosso guarda-redes ter feito uma exibição fantástica.
Como caracteriza o Fluvial de 2024?
O Fluvial é uma equipa muito jovem. Todos os anos acabamos por perder algumas peças. Somos um clube extremamente formador. Alguns jogadores vêm para o nosso clube, mas sempre numa idade muito jovem, para crescer e aprender. Temos vários exemplos: João Moreira que veio do Povoense; o Claúdio Bastos que veio do Gondomar. São os dois exemplos mais notórios e que tiveram agora papeis fundamentais na final. O que eu tento incutir, como um dos mais velhos, a par do João Leite e do Ricardo Sousa - que também chegou este ano e integrou-se lindamente na equipa, penso que foi a adição perfeita a esta equipa -, o que nós tentamos incutir é que “nunca desistir” e principalmente “não perder a cabeça”. Uma equipa de “metralhadoras” a rematar, incluindo eu, porque hoje também estive nesse registo, por vezes é difícil, mas a verdade é que não temos desistido, temos aguentado e felizmente este ano correu bem e correu para o nosso lado.
E o Futuro do Fluvial?
O futuro do Fluvial está à vista de todos - é risonho. Para termos uma ideia, do plantel de 15 jogadores que está hoje na Guarda só três têm mais de 24 anos: eu, o João e o Ricardo. Todos os outros têm menos de 23/24 anos. Isso é fantástico e o futuro é risonho porque já tem papeis importantes na equipa, são titulares. O João Moreira também foi um dos melhores marcadores do campeonato. O Diogo Pinto também esteve em Espanha meia temporada; o Bernardo Mateus também deu um passo em frente; especialmente o Samuel Viegas. O ano passado perdemos o Tiago Aparício, que tinha conquistado os dois últimos prémios de melhor guarda-redes. Poderia causar algumas dúvidas. Eu gosto de dizer que no início do ano toda a gente diz que o Fluvial está morto e enterrado porque sai este ou aquele jogador, mas a verdade é que nós sabemos rebentar-nos e o Samuel Veiga é um exemplo disso. Estava há muito a preparar-se para um momento destes e os resultados tem estado à vista de toda a gente. Também penso que é um bom momento para lançar o Torneio de Loulé porque dos jogadores que vão do Fluvial muitos são jovens e acaba por ser o prémio merecido do que foi esta temporada.
O que nos pode adiantar sobre a próxima época?
Sobre a próxima época, sinceramente, não espero nada de muito diferente. Entre as primeiras quatro equipas a competitividade vai reinar, as equipas estão muito igualadas, tem sido o registo: este ano fomos “à negra” nas meias finais, as meias finais da Taça foram decididas por pouco. O ano passado foi exatamente igual. As duas meias finais foram decididas “na negra” e as meias finais da Taça também foram bastante igualadas. Vejo também o Povoense com vontade de crescer, vejo o CAP [CA Pacense] com vontade de crescer; o Benfica também terá essa vontade, porque é um clube grande, já com uma boa estrutura no feminino. Portanto um campeonato bastante lançado bastante competitivo.
Queria só dar uma nota: quanto à organização aqui na Guarda, considero que a parte da divulgação, o ambiente aqui criado é fundamental para a modalidade crescer. Estas divulgações são fundamentais porque se não há visibilidade, todos sabemos, que o nosso pais “cai” para o futebol. Por isso, penso que esse é o primeiro ponto. Se eu pudesse lançar um repto à Federação é que tornasse estas transmissões mais regulares, não só apenas no final da Taça, não só aumentar para a final do campeonato, porque só houve na final do feminino, mas diria até que se realizasse pelo menos um jogo por jornada. Está visto que há muita gente a acompanhar os “livescores” os “printscreens” vão para as redes sociais. É aproveitar um produto vendável e continuar a divulga-lo porque como foi visto isto foi uma fantástica festa de polo aquático. Momentos competitivos de polo aquático fantásticos e os atletas também merecem isso, porque são eles que todos os dias têm o sofrimento de ir para um horário de treino mais tardio do que as outras modalidades, sair de casa bastante tarde. Alguns fazem grandes deslocações. Por tudo isso, aquilo que afirmei é fundamental para a modalidade crescer. Como vimos, estamos na Guarda, as equipas deslocaram-se, alguns ficaram e a piscina estava cheia. Tenho a certeza que se fosse em outro local estaria cheia na mesma. Isto é o repto que gostava de lançar para o Futuro.