Balanço do Tranquilidade Campeonato Nacional de Juvenis, Juniores e Seniores - Open de Portugal

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Balanço do Tranquilidade Campeonato Nacional de Juvenis, Juniores e Seniores - Open de Portugal

Por João Bastos

Coimbra acolheu, entre os dias 28 e 30 de julho, a última competição nacional de natação pura da época. Com 560 medalhas em disputa, estes foram os nacionais que mais medalhas atribuíram de sempre.

Com as ausências dos melhores seniores, a competir em Fukuoka, e dos melhores juvenis, a competir em Maribor, os nacionais de Coimbra abriram a oportunidade para muitos nadadores se sagrarem campeões nacionais pela primeira vez nas suas carreiras, uma sensação que certamente quererão repetir no futuro, quando encontrarem os nadadores agora ausentes.

No lado dos seniores, em destaque estiveram os nadadores que vão representar Portugal nos Europeus de sub-23. Dos oito selecionados, apenas Rafaela Azevedo não competiu em Coimbra. Os restantes 7 sagraram-se campeões nacionais, alguns com marcas de grande valia, tendo em conta que se apresentavam em carga.

Olhemos para eles, um a um:

Francisca Martins

A nadadora do FOCA é uma forte candidata, no lado feminino, a ser considerada a melhor da temporada (a questão será entre ela e Camila Rebelo). Em 2021/2022 terminou a bater o recorde nacional dos 200 metros livres, máximo ao qual já retirou quase três segundos e, num ápice, já tem as 10 melhores marcas nacionais de sempre, passou a ser a recordista dos 400 metros livres e também dos 100 metros livres, prova que melhorou mais um pouco agora em Coimbra.

A nadadora de Felgueiras nadou em 56.21, melhorando os seus anteriores 56.25, único recorde nacional absoluto da competição.

Nadou ainda os 800 metros livres que venceu no tempo de 8:42.64.

Importa recordar que nos 400 metros livres, Francisca está a “apenas” 87 centésimos do mínimo olímpico. A sua participação em Coimbra deverá ter-lhe dado um aditivo de confiança para que a Irlanda possa ser só uma escala a caminho de Paris.

Mariana Cunha

Foi a maior vencedora absoluta individual destes campeonatos com três títulos. O mais surpreendente foi o dos 50 metros bruços onde a nadadora do Colégio Efanor nadou em 32.74, tornando-se na sétima melhor portuguesa de sempre nesta que está longe de ser a sua prova de eleição.

Já naquela que é “a sua” prova, os 100 mariposa, realizou o seu terceiro melhor tempo a apenas 12 centésimos do seu recorde pessoal. Das apostas que se vai fazendo nos cais das piscinas nacionais, a mais comum é que vai ser a jovem do Efanor que vai chegar ao recorde de Sara Oliveira, que já dura há 13 anos. Vamos ver se os 58.78 caiem ainda esta época.

A terceira vitória foi nos 100 costas. Com a ausência de Camila Rebelo e Rafaela Azevedo, superiorizou-se Mariana Cunha no tempo de 1:03.75. Fica a dúvida se, com a presença das duas especialistas, Mariana conseguiria ir mais longe e bater-lhes o pé nesta prova e a certeza que esta pode ser a prova mais entusiasmante em próximos campeonatos nacionais.

Cunha ainda foi segunda nos 100 livres dando muita luta à recordista nacional Francisca Martins (recorde pessoal de 56.63 passando a ser a 5ª melhor portuguesa de sempre) e foi segunda nos 50 metros livres, apenas atrás da britânica Rebecca Guy.

Inês Henriques

Inês vai nadar em Dublin os 50, 100 e 200 mariposa, mas é a prova mais longa a sua grande especialidade.

Com recorde pessoal feito este ano na piscina do Funchal com 2:12.13, nadou agora em Coimbra em 2:14.47 nas eliminatórias e 2:14.79 na final, superando a recordista nacional Ana Catarina Monteiro, algo que na última década só Victoria Kaminskaya tinha feito em campeonatos nacionais.

A nadadora do Louzan Natação nadou ainda os 400 estilos onde foi segunda classificada com 4:58.87 e os 200 estilos onde foi terceira classificada em 2:22.55.

José Paulo Lopes

O olímpico do Braga das suas múltiplas provas que habitualmente nada em competições internacionais, apenas nadou os 400 estilos onde foi bem-sucedido com a vitória em 4:23.80, superiorizando-se ao espanhol Álvaro Conde.

Em Dublin não nadará esta prova, mas vai-se fartar de nadar, alinhando nos 400, 800 e 1500 metros livres.

Lopes nadou ainda os 200 mariposa onde foi segundo classificado (descrição da prova no capítulo dedicado a Kevins Apseniece) e foi quinto nos 100 mariposa com RP de 55.49.

Com a estreia no Euro sub-23, José Paulo Lopes reforça o estatuto de nadador português com mais presenças em diferentes competições internacionais de sempre. Já foi internacional no Multinations Youth, na Taça Latina, nos Mundiais do Desporto Escolar, nos Europeus de Juniores, nas Gimnasíadas, no Festival Olímpico da Juventude Europeia, nas Universíadas, nos Europeus de Piscina Curta, nos Europeus de Piscina Longa, nos Jogos Olímpicos e no Mundial de Piscina Longa. Falta-lhe os Mundiais de Curta e os Jogos do Mediterrâneo em termos de competições onde habitualmente Portugal se faz representar.

Kevins Apseniece

O nadador do FCPorto será o mais jovem representante luso em Dublin. Tem um programa de provas igual ao de Inês Henriques e, tal como a nadadora lousanense, também é a prova de 200 metros aquela onde tem melhor desempenho.

E ao contrário de muitos dos seus colegas de seleção, Kevins encontrou concorrência à altura na sua prova de eleição. José Paulo Lopes protagonizou com Apseniece um duelo fantástico nos 200 mariposa, levando a melhor o nadador do Porto por apenas 1 décimo de segundo.

Kevins nadou em 2:00.86 e José Paulo no recorde pessoal de 2:00.96. Um bom ensaio para o nadador de José Manuel Borges que ainda foi segundo nos 100 mariposa, com recorde pessoal de 54.92 e nadou os 50 mariposa, mas não passou à final.

Miguel Marques

Sem a presença dos seus companheiros de equipa Diogo e Miguel, o nadador do Benfica não deu hipótese à concorrência nos “seus” 50 metros livres. Venceu com 23.12, como dizem os brasileiros, sem raspar nem polir, ou seja, sem depilação e sem taper.

Nos 50 mariposa foi segundo, atrás de Glauber Silva, marcando 24.68, ficando relativamente próximo do seu recorde pessoal de 24.47.

O sprinter está convocado para os 50 livres, 50 mariposa e 50 bruços.

Diogo Cardoso

O nadador do Sporting anda com uma agenda preenchida e, no final dos europeus sub-23, vai ter 20 km de competição no espaço de um mês.

Acabado de chegar de Fukuoka onde nadou os 5 e os 10 km em águas abertas, Diogo veio à piscina olímpica de Coimbra nadar e vencer os 1500 metros livres com o tempo de 15:42.72. Ficou na segunda posição nos 800 metros livres, sendo batido por Francisco Amaral, com 8:18.24.

Na mesma sessão dos 1500 metros livres, 24 minutos depois, nadou a final sénior dos 200 mariposa 6º com o tempo de 2:08.36.

Diogo vai a Dublin nadar os 800 e 1500 metros livres.

Em seguida destacamos os nadadores em maior plano de evidência no escalão de juvenis, selecionando num total de oito, quatro rapazes (2 juvenis B + 2 juvenis A) e quatro raparigas (2 juvenis B + 2 juvenis A):

Duarte Ferreira

A primeira escolha é óbvia: o único nadador juvenil que estabeleceu um novo recorde nacional. No caso, foi o recorde juvenil-B nos 50 mariposa (o anterior já lhe pertencia). O nadador do Porto nadou em 25.84 e, na final juvenil da prova, superiorizou-se aos juvenis-A.

Ainda venceu os 100 mariposa e os 100 livres na categoria juvenil-B e foi segundo nos 200 metros livres.

Guilherme Soares

Nadador juvenil-B do Vilacondense que se revelou bastante multifacetado. Venceu os 400 metros livres, com 4:17.78, os 200 metros mariposa com 2:17.26 e os 400 metros estilos com 4:48.85.

Leonardo Cruz

O nadador juvenil-A de Alcobaça venceu quase tudo o que nadou, seja na sua categoria (juvenil-A), seja no seu escalão (juvenil). Nos 200 metros estilos nadou a final em 2:12.34, nos 100 costas levou a melhor sobre os especialistas com 59.90 e nos 400 metros estilos chegou primeiro 4:43.99.

Só não conseguiu vencer os 400 metros livres, mas levou a medalha de bronze juvenil-A com a marca de 4:14.62.

Duarte Nunes

Tal como Leonardo Cruz, também o nadador do Galitos ficou próximo de vencer tudo o que nadou. Na verdade, ficou ainda mais perto. O juvenil-A de Aveiro venceu os 200 metros livres juvenil-A em 1:58.54 e na classificação juvenil em 1:57.47; venceu os 100 bruços juvenil-A em 1:06.94 e em juvenis com 1:06.55; venceu os 200 bruços juvenil-A com 2:26.87 e juvenis com 2:27.01; venceu os 50 bruços juvenil-A com 30.89, mas na final juvenil perdeu para Rodrigo Choças e acabou no segundo lugar com 31.22 (curiosamente o nadador do Sporting venceu a final com o mesmo tempo que Duarte havia vencido a eliminatória).

Leonor Silva

Do Ginásio de Vila Real vem mais uma excelente velocista. A juvenil-B notabilizou-se ao levar a melhor sobre as juvenis-A na final de juvenis dos 50 livres, onde foi a única sub-28 ao nadar em 27.68, e nos 50 mariposa onde venceu em 29.52.

Nos 100 livres foi a terceira classificada juvenil-B com 1:01.91.

Luana Craveiro

Mais uma juvenil-B a superiorizar-se às juvenis-A. A nadadora do Náutico da Marinha Grande foi a melhor fundista juvenil da competição e venceu no seu escalão os 800 e 1500 metros livres e na sua categoria os 400, 800 e 1500 metros livres.

Nadou em 4:42.40 aos 400, em 9:39.53 aos 800 e em 18:23.44 aos 1500.

Ainda foi segunda nos 400 estilos com 5:27.55

Diana Freitas

A nadadora juvenil-A dos Amigos da Montanha foi também amiga das vitórias e amiga dos recordes pessoais por larga margem. Foi a melhor fundista juvenil-A vencendo os 200, 400, 800 e 1500 metros livres na sua categoria, os 200 e 400 no seu escalão.

Vale a pena comparar as marcas que Diana fez nos últimos nacionais no Funchal e as que fez agora para se perceber a evolução: 200L (2:16.70 vs 2:12.69); 400L (4:54.38 vs 4:42.00); 800L (10:11.87 vs 9:43.03); 1500L (19:41.11 vs 18:25.33).

Beatriz Dias

A juvenil-A do Aquático Pacense dominou as provas de mariposa (tirando a final juvenil dos 50 metros). Foi a campeã juvenil-A dos 50 com 30.16, foi a campeã juvenil-A dos 100 com 1:06.82 e juvenil com 1:06.40 e foi campeã juvenil-A dos 200 com 2:29.46 e juvenil com 2:28.90.

A época segue com as Mundiais Universitários e os Europeus sub-23, mas para balanço posterior, 2022/2023 salda-se com uma prata inédita num campeonato do mundo e quatro nadadores apurados para os Jogos Olímpicos de Paris 2024.

O diretor desportivo da FPN, José Machado, avança com a possibilidade de apurar seis nadadores, ou seja, mais dois do que os já apurados. Nessa perspetiva a que está agora mais perto é Francisca Martins, mas também Gabriel Lopes tem hipótese de repetir a presença (não apenas nadando a estafeta), José Paulo Lopes, Ana Catarina Monteiro e Francisco Santos têm recordes pessoais abaixo do mínimo exigido e Tamila Holub e Diana Durães lutarão até à última. Hipóteses mais remotas, mas não negligenciáveis são as de Mariana Cunha (100M) e Ana Pinho Rodrigues (50L).

Aguardemos pelo que resta desta época e ansiemos pelo regresso da natação em 2023/2024.