Daniel Viegas, DTN para as Águas Abertas, faz o balanço da participação do quarteto de Portugal no Mundial de Fukuoka 2023. O técnico nacional considera uma participação «muito boa, à imagem do que foram os do ano passado em Budapeste».
Daniel Viegas: «A participação de Portugal na prova de 5 km femininos foi muito boa. Superou as nossas expectativas. Como é obvio nós queríamos nos 5 km melhorar em relação à primeira prova de 10 km e isso foi conseguido. A Angélica André (4.ª) e a Mafalda Rosa (9.ª) fizeram uma excelente prestação.
Sabíamos que a prova seria rápida. E, por isso, as indicações que elas tinham era para colocarem-se bem na frente da prova desde o início. O grupo acabou por “partir” em 13 nadadoras que se isolaram. Nesse grupo mais reduzido as nadadoras portuguesas foram muito competitivas. Na última volta a Angélica André passou em 4/5.º lugar e nos últimos metros discutir a prova e tentar ir ao 3.º lugar, acabando por perder com a campeã olímpica dos 10 km, a brasileira Ana Marcela Cunha (3.ª classificada) na chegada. A Mafalda Rosa também conseguiu uma prova fora de série, entrando no top 10, a sua melhor classificação em campeonatos do mundo. Uma nadadora que ainda tem 19 anos… foi excelente.
No sector masculino, Tiago Campo e Diogo Cardoso acusaram um pouco o cansaço. O Diogo Cardoso, embora tenha ficado na primeira metade (35.º lugar), que era um dos objetivos. Depois do seu resultado na prova de 10 km (23.º), esperávamos que fizesse um pouco melhor. Mas foi bom.
O Tiago Campos acabou sofrer um contacto físico um pouco mais agressivo, tendo levado uma pancada na cabeça de forma inadvertida por um adversário. Ficou um pouco “atordoado”. Passaram por cima dele alguns adversários. A mota de água da organização passou por ele e, ainda bem, recolheu-o logo, mas quase sem ele ter tido tempo de assimilar o que se estava a passar. Foi tudo muito rápido. Não ficou contente, considera que até seguia numa boa posição, entre os 20/25 lugares, que era o objetivo, mas infelizmente acabou por abandonar.
«O quarto lugar da Angélica André nos 5 km trazem um brilho maior à nossa participação.»
No plano geral da participação portuguesa em Fukuoka, entendemos que foram uns campeonatos muito bons, à imagem do que foram os do ano passado em Budapeste. O quarto lugar da Angélica André nos 5 km trazem um brilho maior à nossa participação.
O ano passado tinha tido um 7.º lugar nos 10 km. Todas as classificações foram muito boas, abrindo boas perspetivas de apuramento para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, tanto no masculino como no feminino, embora no sector masculino, muito mais competitivo, não entraram dentro do nível de apuramento, mas existe essa possibilidade.
Na classificação por equipas, ainda sem a realização da estafeta que não entramos, acabamos por conseguir um lugar entre os 10/11.º primeiros países do mundo nas águas abertas.
Nas provas femininas conseguimos fechar com a segunda nadadora em lugares muito precoces o que significa que no sector feminino somos uma das maiores potencias mundiais neste momento.
No sector masculino, subimos muito, conseguimos melhorar as classificações do ano anterior. No passado havia poucas classificações melhores que em Fukuoka. Já tinha havido o 14.º e um 19.º do Arsenie Lavrentyev no Mundial já alguns anos, mas no passado recente não tínhamos resultados com esta consistência.
Estamos na luta para o futuro e o no objetivo é conseguir superar estes resultados e no próximo mundial de Doha, a derradeira qualificação olímpica, colocar o máximo de nadadores nos Jogos Olímpicos. O máximo será quatro, o que será sempre um número que em 44 vagas entre homens e mulheres, sendo que algumas são vagas continentais que não nos estão destinadas. Cerca de 18 masculinas e 18 femininas, Portugal conseguir colocar dois será sempre muito positivo e esse é o nosso objetivo. Se conseguirmos apurar três ou até quatro aí torna-nos mesmo numa das grandes potências. Agora os nossos nadadores irão competir a Taça do Mundo de Paris, menos o Diogo Cardoso que irá ao Europeu de Sub-23.»