Treinador António Machado: «Comigo, as equipas têm de pensar sempre à frente.»

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António Machado faz um pequeno balanço do percurso da equipa feminina do Benfica, esta temporada, após conquista da Taça de Portugal na Guarda.

O técnico nacional aponta o futuro do polo do clube da Luz e aborda a sua carreira como treinador que tem, esta época, mais dois grandes desafios na seleção nacional feminina: a qualificação do Europeu e o Mundial de Coimbra.

Que balanço faz do percurso do Benfica esta temporada?

Balanço de época superpositivo porque tudo o que nos propusemos como objetivos conseguimos alcançar. É de ressalvar que o Benfica é um justo vencedor da Supertaça, da Taça de Portugal e do campeonato nacional. Foi, talvez, o percurso mais difícil de sempre. O ano passado não conseguimos chegar à final da Taça de Portugal por mérito do Fluvial. Este ano marcamos presença e conquistamos a nossa quinta Taça num projeto que vai para o 10.º ano e que é vencedor. Nos últimos cinco anos o Benfica tem tido uma hegemonia no polo aquático feminino, um ano muito difícil de o manter, mas as vitórias está no ADN destas jogadoras. E nas alturas chaves isso faz a diferença. Não há um desnível, como já houve em outras alturas. O Fluvial está muito forte também. É muito importante salientar que estando eu no polo aquático há mais de 30 anos não me lembro de ver numa final feminina duas equipas de Lisboa. Era importante Lisboa fazer alguma coisa pelo polo aquático.

O que podemos esperar no futuro do polo aquático do Benfica?

Nesta altura vamos continuar a lutar pelos títulos. Vamos ter também a equipa masculina que no projeto estava pensado em dois anos atingir a primeira divisão o que felizmente aconteceu no primeiro ano. Não vamos “tirar o pé”, se merecermos estar estamos e nessa perspetiva o Benfica é um mais valia para a modalidade. Por isso é importante “puxar” pelo polo aquático masculino. O Benfica na primeira divisão com o Sporting… seria importante os três grandes fazerem parte desta modalidade.  O Benfica é um grande divulgador da modalidade, ganhando ou não.

E o treinador António Machado…

Já ganhei muito títulos, também já perdi muitos, mas a minha maior vitória é ter conseguido levar um projeto para o Benfica e fazer com que o clube entrasse na modalidade.  Desde que me inicie no polo aquático com 15 anos, eu que era um nadador “vulgar”, abracei logo a modalidade e a carreira de treinador. Que assumo ser uma carreira de sucesso porque, na verdade, este é o meu 49.º título nacional absoluto como treinador.  O que quer dizer que também perdi muitos. O meu percurso no polo aquático já vai longo e espero ter contribuído para a melhorar a modalidade que precisa de mais apoios internos e externos. Que passe a ser uma modalidade maior. O polo aquático é uma modalidade maravilhosa, por muitos considerado o desporto mais exigente de todas as modalidades desportivas e isso tem de ser realçado e nós família do polo temos de divulgar ao máximo. É importante que as pessoas tenham a noção que eu, e muito como eu, fazem pela modalidade e estão cá há muito anos. Portanto, quando nós emitimos a nossa opinião, ou criticamos de alguma maneira, não é com o intuito de desfazer é com o objetivo construtivo de melhorar no futuro.

A seleção nacional terá grandes desafios esta temporada…

Preocupa-me o trabalho de estágio nacional com a seleção absoluta.  Vamos ter uma qualificação dificílima. A Inglaterra está fortíssima, perdeu por três ou quatro golo que fez com a Alemanha e assumo inteiramente que temos que nos qualificar. Não vou fugir à responsabilidade vamos assumi-la de frente. Dar “tudo-por-tudo” para nos qualificarmos. Temos um grupo que podemos ficar em terceiro e não atingir o objetivo de apuramento. A Finlândia não tem pergaminhos no polo aquático, mas também podemos ficar em primeiro. Comigo, as equipas têm de pensar sempre à frente. Se conseguirmos ou não o futuro o dirá. O objetivo é esse e estamos convictos que o vamos alcançar. Faremos tudo por tudo para aí chegar. É um momento muito importante para o polo aquático nacional. Como também ser o Mundial de juniores em setembro em Coimbra. Temos é de nos preparar em condições. Deem-nos condições que o trabalho fazemos nós. Espero que o futuro será risonho para o polo aquático.