Foram quatro dias de competição na Piscina da Penteada que garantiram os primeiros bilhetes para Paris e os últimos para Fukuoka.
Balanço do Open de Portugal, por João Bastos.
O Open de Portugal prometeu e cumpriu. Numa competição que resultou em 10 recordes nacionais absolutos (e ainda um mundial da natação adaptada), os maiores destaques foram os mínimos garantidos para os Jogos Olímpicos, campeonatos do mundo, europeus de sub-23 e europeus de juniores.
Destaquemo-los, então:
Diogo Ribeiro (SLB)
Sem discussão, o MVP da competição. O nadador do Benfica esteve, mais uma vez, "endiabrado" e tornou-se aos 18 anos de idade no primeiro nadador português de sempre a conseguir três mínimos A para a mesma edição dos Jogos Olímpicos.
Começou a abrir nos 50 livres, com os 21.87 segundos nas eliminatórias, recorde nacional absoluto e mínimo para os JO (fixado em 21.96). Nos 100 livres voltou a repetir a receita, com mínimos logo nas eliminatórias (48.01), mas desta feita a melhorar ainda mais na final para 47.98. Nos 100 mariposa venceu a final em 51.45, uma marca que seria recorde do mundo em 2003, quando Michael Phelps o detinha em 51.47, com a mesma idade que tem hoje o português.
Venceu ainda os 50 metros mariposa sobre o recordista do mundo Andrii Govorov e com mínimo para os campeonatos do mundo (que já tinha) com 23.19.
Miguel Nascimento (SLB)
O destaque da participação de Miguel Nascimento neste Open vai para os mínimos para o campeonato do mundo aos 50 metros livres. Mas o destaque maior da participação de Miguel Nascimento no Funchal vai para a competição extra prova de 4x100 metros livres onde o benfiquista abriu a estafeta com parcial de 21.91 nos primeiros 50 metros.
Encerrou com chave de ouro os quatro dias de competição na Madeira e concretizou na sua carreira aquilo que há muito perseguia e que tão perto ficou por duas vezes, fosse nos 200 mariposa no Rio de Janeiro ou no seu regresso à velocidade a caminho de Tóquio.
A estreia olímpica virá na Cidade Luz.
Ana Pinho Rodrigues (EDV)
Já é da praxe atualizar o número de títulos de Ana Pinho Rodrigues ao longo da sua carreira e, no Funchal, a nadadora da Escola Desportiva de Viana passou a ser a nadadora portuguesa mais titulada de sempre com os seus 139 títulos, superando os 136 de Ana Barros. Em termos individuais absolutos, Ana já era a líder e agora reforça a sua posição com 65 títulos.
Mas a competição da velocista não se ficou por essa efeméride. Depois de presenças em Jogos Olímpicos, Europeus de curta e de longa, só faltava a presença nuns campeonatos de mundo e Fukuoka vai assistir à estreia de Ana Rodrigues neste certame.
Pela primeira vez, nadou os 50 bruços abaixo de 31 segundos e logo nas eliminatórias com 30.98. À tarde melhorou ainda mais para 30.96.
Ainda estabeleceu mais um recorde nacional nos 50 livres com 25.25 e venceu mais um ouro nos 100 bruços.
Gabriel Lopes (ALN)
Já apurado para os mundiais, Gabriel Lopes partiu para a prova dos 200 estilos determinado a repetir a carimbar no passaporte uma segunda presença olímpica. Nas eliminatórias da prova o lousanense partiu com um ritmo vertiginoso e aos 100 metros ia 41 centésimos mais rápido do que quando obteve o bronze nos últimos europeus de Roma, uma diferença que, a manter-se, chegaria para os 1:57.94 do mínimo olímpico, mas na segunda metade não foi possível manter o ritmo e Gabriel terminou em 1:59.04, confirmando mínimo para o Mundial que já detinha.
De tarde teve um início mais conservador e conseguiu terminar mais forte a crawl, ainda assim insuficiente para melhorar o tempo da manhã.
Francisca Martins (FOCA)
A nadadora de Felgueiras esteve em grande nível na Madeira. Nadou os 100 livres no segundo dia dos nacionais e chegou ao recorde nacional com 56.25, no terceiro dia nadou e venceu os 400 livres com mínimo para os europeus sub-23 com 4:11.02 e no quarto e último dia foi em busca de se tornar na primeira portuguesa sub-2 aos 200 metros livres e ficou muito perto. Marcou 2:00.05 e garantiu também nesta prova o acesso ao campeonato da Europa sub-23.
Miguel Marques (SLB)
Mais um velocista do Benfica em destaque. Miguel Marques não tem parado de evoluir na sua prova de eleição, os 50 metros livres e, neste Open, conseguiu alcançar a sua primeira competição internacional em representação de Portugal. Na final dos 50 metros livres nadou em 22.44, a tirar 3 décimos ao seu recorde pessoal antes desta competição e a apurar-se para os campeonatos da Europa sub-23.
Diogo Cardoso (SCP)
O fundista do Sporting foi, de todos os fundistas de elite portugueses, aquele que se deu melhor com o novo sistema de eliminatórias e finais nas provas mais longas. Talvez a sua experiência em águas abertas tenha possibilitado nadar duas vezes 800 e duas vezes 1500 metros e ainda render um recorde pessoal aos 1500 metros livres com direito a mínimo para os campeonatos da Europa sub-23.
Os 15:30.36 fazem dele agora o quarto melhor português de todos os tempos nesta prova.
Rafaela Azevedo (SAD)
Em busca dos mínimos para os mundiais aos 50 costas, fixados em 28.22, e para os quais teria de bater o seu recorde nacional de 28.24, a costista do Algés acabou por marcar 28.56 e trocar a passagem para Fukuoka pela passagem por Dublin, onde vão decorrer os Europeus Sub-23 de 10 a 13 de agosto.
Inês Henriques (ALN)
Inês Henriques tinha de recorde pessoal aos 200 mariposa 2:12.51 de 2019 e desde então não se tinha aproximado do seu melhor, mas no Funchal voltou a reencontrar a sua melhor forma e nadar num novo recorde nacional de 2:12.03 que lhe abriu as portas para os europeus sub-23.
Kevins Apseniece (FCP)
No primeiro ano de sénior, o internacional português continua a sua progressão e entrou no restrito clube dos portugueses sub-2 aos 200 mariposa (são agora 7 e o Porto a única equipa com dois nadadores).
Kevins nadou em 1:59.68 e tirou de uma assentada 2 segundos ao seu recorde pessoal.
José Paulo Lopes (SCB)
Mesmo aquém das suas melhores marcas, o nadador do Braga consegue sempre algum resultado que se constitui como destaque no final das competições.
Desta feita foi na última prova que nadou no Open de Portugal, os 800 metros livres, onde conseguiu mínimos para os europeus sub-23 com 8:06.47.
João Costa (VSC)
O nadador vimaranense é um dos legítimos aspirantes ao mínimo olímpico, já que tem de recorde pessoal aos 100 costas 53.87 e o mínimo é de 53.74.
Já com mínimos para os mundiais, o costista Costa já pensa em Paris, mas nesta tentativa apurou-se para Dublin, com 54.50 na prova individual e 54.49 na abertura da estafeta campeã nacional do Guimarães.
Mariana Cunha (CNCE)
A cumprir o segundo ano de sénior, a nadadora do Colégio Efanor continua a afirmar o seu lugar entre a elite da natação portuguesa.
Nestes campeonatos a apostar forte nas provas de livres, foi nos “seus” 100 mariposa que conseguiu o apuramento para os campeonatos da europa sub-23. Venceu a prova no tempo de 59.45.
Ricardo Santos (CPFZ)
Nos juniores houve três nadadores a chegarem ao apuramento para os campeonatos da europa de juniores, curiosamente em três provas de 200 de três técnicas diferentes.
Ricardo Santos fê-lo nos 200 metros costas, e logo por duas vezes.
Nadou nas eliminatórias em 2:03.07 e na final, que venceu, em 2:03.37. Em qualquer uma das ocasiões ficou bem abaixo do mínimo de 2:04.74.
Luís Gouveia (CDN)
O nadador da casa foi o primeiro a conseguir apuramento para os europeus de juniores, uma competição onde a Madeira não se faz representar há 23 anos.
O mariposista nadou os 200 da especialidade em 2:03.81, superando o tempo exigido de 2:03.83, por escassos 2 centésimos.
Rafael Mimoso (SLB)
O juvenil-A do Benfica conseguiu uma proeza que apenas 7 nadadores portugueses antes dele o haviam conseguido: apuramento para o europeu de juniores ainda em idade de juvenil.
O benfiquista nadou os 200 metros bruços no recorde nacional de 2:18.72 e passou a ser o melhor juvenil europeu da época.
Maria Gomes Neves (SCB)
Entre os juvenis, o maior destaque em termos de vitórias foi a nadadora do Braga que teve uma competição imaculada, com 5 vitórias em 5 provas. Venceu os 100 e 200 costas, 200, 400 e 800 livres.
Camila Rebelo (ALN)
Pela lógica seguida neste artigo, Camila devia ser referida no início pelo seu feito. Mas o que a traz aqui é o seu desempenho noutra competição, mas que não podia passar em claro. O mínimo olímpico que conseguiu por ocasião do Open de Espanha. O magnífico tempo de 2:09.84, que a coloca como líder europeia da época neste momento.
Com esta marca, Portugal volta a ter uma representante nos 200 metros costas femininos, algo que não acontecia desde 1996, quando Portugal foi representado em Atlanta por Petra Chaves.
Marco Meneses (O Crasto)
Outro feito que também não podia faltar neste resumo foi aquele que alcançou o nadador da classe S11 da natação adaptada que com o tempo de 2:26.95 estabeleceu um novo recorde do mundo da categoria. O anterior era pertença de David Kratochvil com 2:28.24.
O nadador d’O Crasto já era detentor do recorde do mundo dos 50 costas com 31.47, desde março deste ano.