Alberto Silva, treinador nacional da FPN, faz um balanço «muito positivo» da participação dos seis nadadores portugueses no TYR Pro Swim Series - Fort Lauderdale, que decorre de 1 a 4 de março nos EUA.
«Nível de exigência e sair da zona de conforto»
«O primeiro objetivo era competir com um nível de exigência à altura dos nossos atletas e que pudessem estar nadando pela manhã e pela tarde – eliminatórias e finais – para fazermos os ajustes necessários. Outra situação, talvez a mais importante, ao competirmos nos EUA era sairmos da “zona de conforto”. Nós, em Portugal, temos pouco hábito de competir nos EUA. Competir na Europa, apesar do alto nível técnico dos adversários e das competições, é diferente da América: a maneira de competir; como decorre o evento; e os adversários são muito fortes. Não só norte americanos, os mais conhecidos, mas também de outros países que vivem na América ou que vão competir. Muitos dos nadadores participantes não são ainda conhecidos a nível internacional. Mas em todas as provas, muitos deles têm o mesmo nível das principais estrelas norte americanas. Esses eram os objetivos principais que nos levaram a competir nos EUA.»
«Avaliar e fazer os ajustes necessários para os próximos eventos»
«Em relação a um evento fortemente competitivo e a poder nadar forte pela manhã e ter oportunidade de fazer uma final de tarde com um nível bom ou ótimo de participação, acredito que atingimos plenamente esse objetivo. Todos os seis nadadores que viajaram competiram pela manhã e voltaram a competir de tarde em todas as provas em que participaram, o que deu para avaliar e fazer os ajustes necessários para os próximos eventos, apurando esses atletas para a competição principal na Madeira no final do mês, o Open de Portugal, 30 de março a 2 de abril.
«Um evento muito motivante para os nadadores»
«No que diz respeito à motivação no evento, com as diferenças para a nossa natação em Portugal e mesmo em outros países, é extremamente motivante pelo cuidado apresentado pela organização em muitos detalhes. Qualquer evento, como um “grand prix”, é tratado como uma grande competição, como por exemplo os detalhes na arbitragem, de estadia, de facilidades. É um evento muito motivante para os nadadores. Há algumas diferenças: não há banco de controlo – os atletas têm de se apresentar para as provas. Por outro lado, tem um sistema que permite nadar mais vezes. Acredito que foi muito importante. Só para dar um exemplo: o Miguel Nascimento fez uma excelente prova na eliminatória e na final nos 50 livres. Nadou na primeira série forte nas eliminatórias e antes da última série forte estava em 5.º lugar e os 22,24 segundos que realizou é um tempo que permite subir ao pódio em muitas competições nessa época do ano e ali não sabe o que pode acontecer. Pode aparece um nadador norte americano ou da américa central ou do Sul, até europeus ou asiáticos que nos leva a ficar com uma expectativa de competitividade até à última hora. Tanto por parte dos nossos atletas como pela competição em si.»
«Difícil fazer uma análise comparativa com outros atletas»
Ao nível de comparação de resultados, na competição estiveram atletas norte americanos que estavam descansados, inclusive depilados. Fizeram opção de nadar a 100% esta competição e outros, dentro na nossa própria seleção, em fases muito semelhantes de preparação, mas um pouco mais “carregados”, outros mais descansados. Por isso é difícil fazer uma análise comparativa com outros atletas. Observando individualmente, o que eu falei com cada um deles durante o evento, assim como com o treinador Luís Cameira, penso que foi bastante produtivo. Mesmo em alguns resultados, que não foram tão bons ou que tínhamos alguma expectativa, esta participação foi muito válida para ganhar ritmo de prova; ou fazer ajustes técnicos em saída, viragem, chegada; ou algum posicionamento técnico de coordenação, respiração, de aplicação de força. De referir que houve também muita cooperação, muito diálogo, que permitiu passar alguma informação que possa ser importante neste final de preparação.»
«Desempenho dos nadadores bastante positivo»
«Os nadadores chegaram ao evento confiantes e motivados, mas foram sentindo como corpo ia reagindo tanto na primeira parte da prova para poder fazer um final de prova melhor fazendo os ajustes técnico necessários. Em alguns não conseguimos melhorar esses ajustes técnicos; mas trazemos para Portugal essas observações para trabalharmos a cada dia de treino e tentar alcançar uma performance melhor; não só nos treinos, mas já no próximo evento competitivo daqui a 15 dias [o Internacional 4th Edirne Cup - Edirne (Turquia) 17 a 19 de março]. Em todos os aspetos motivacionais tivemos uma semana que foi 100% de aproveitamento geral.»