Leiria recebeu o Campeonato Nacional de Juniores e Séniores de piscina curta que decorreram entre 9 e 11 de dezembro.
Balanço das competições por João Bastos.
A competição que coroa a época de piscina curta deste ano distinguiu-se como a edição onde caíram mais recordes nacionais absolutos da última década. No total foram 11, superando os 10 recordes nacionais absolutos estabelecidos em 2018, um número que até podia ser bem superior tendo em conta as 5 marcas que ficaram a menos de 10 centésimos dos respetivos recordes nacionais
Para resumir a história destes campeonatos na cidade do Lis, escolhemos 10 destaques destes campeonatos:
1 – Gabriel Lopes
O nadador do Louzan Natação é o mais forte candidato ao título de MVP destes campeonatos. Foi o nadador com mais títulos individuais – 200 livres, 50 e 100 costas, 100, 200 e 400 estilos – estabelecendo ainda dois recordes nacionais.
Nos 100 metros costas tornou-se no primeiro português a nadar abaixo dos 51 segundos, marcando 50.82 e nos 400 metros estilos chegou à parede com 4:05.87.
Acresce ainda que o olímpico lousanense conseguiu esta qualidade de desempenho numa competição em que nadou que se fartou. Nos três dias, entre eliminatórias e finais, Gabriel nadou 13 vezes, com destaque para a última sessão de finais onde, no espaço de uma hora, nadou (e venceu) 100 costas, 200 livres e 100 estilos.
2 – Diogo Ribeiro
O nadador do Benfica também apresenta fortes argumentos para disputar o título de melhor nadador da competição. Individualmente venceu três provas, mas, somando as estafetas, saiu de Leiria com 7 ouros e um bronze.
Bateu ainda dois recordes nacionais de absolutos, que no caso foi o mesmo por duas vezes. Na prova individual dos 100 metros livres marcou 47.16, superando por 1 décimo o anterior recorde que pertencia a Miguel Nascimento, mas na última prova dos campeonatos, a abrir os 4x100 metros livres do Benfica, foi mais longe e nadou em 46.65, a melhor performance destes campeonatos, de acordo com a tabela FINA.
Para além dos 100 livres, venceu ainda os 50 e os 100 mariposa, também nestas provas a ameaçar os recordes nacionais.
3 – Mariana Cunha
O primeiro nunca se esquece e, apesar da vasta experiência da nadadora do Colégio Efanor em bater recordes nacionais nas categorias de formação, os 100 estilos de Leiria ficam marcados na carreira de Mariana Cunha por ser o seu primeiro recorde nacional absoluto.
A marca de 1:01.48 supera por 1 décimo de segundo exato o anterior recorde nacional de Ana Pinho Rodrigues.
Mariana ainda se destacou com as 4 vitórias individuais conseguidas nos 50 e 100 mariposa e nos 100 e 200 estilos, ficando perto de conseguir algo que nunca ninguém conseguiu em nacionais de piscina curta: derrotar Ana Catarina Monteiro nos 200 mariposa, coisa que só não aconteceu por 9 centésimos.
4 – Ana Rodrigues
Em cada campeonato nacional que passa é necessário atualizar os impressionantes números da carreira de Ana Pinho Rodrigues em nacionais. Com os 3 ouros e a prata conquistados em Leiria, a nadadora da Desportiva de Viana passou a contabilizar 110 ouros individuais, igualando Teresa Figueiras como as nadadoras com mais títulos individuais de sempre da história da natação portuguesa. Contabilizando as provas de estafetas, Ana Pinho Rodrigues é a terceira nadadora mais titulada (130), atrás de Ana Barros (136) e Teresa Figueiras (134).
O grande destaque cronométrico do fim-de-semana da olímpica da EDV foram os 30.21 aos 50 metros bruços, superando (amplamente) os seus 30.70.
Antes, nos 100 metros bruços, já tinha ficado muito próxima de bater o recorde nacional de 1:06.82, mas nadou apenas 6 centésimo acima dessa marca.
5 – Miguel Nascimento
O nadador do Benfica teve uma entrada em grande nestes campeonatos. Logo na segunda prova do calendário, abriu a estafeta 4x50 metros livres do Benfica com um recorde nacional absoluto de 21.22, melhor que os seus anteriores 21.57.
No dia seguinte, na final da prova individual, nadou apenas 1 centésimo pior.
Para além dos 4x50 livres, participou ainda na estafeta recordista nacional dos 4x100 metros livres, sendo responsável direto por três recordes nacionais seniores e absolutos no decorrer destes nacionais.
6 – Tomás Pereira
No escalão de Juniores e no setor masculino, Tomás Pereira, da Associação Desportiva de Penafiel, foi o grande destaque com quatro vitórias e um segundo lugar.
O polivalente velocista venceu os 50 metros livres com 23.68, os 100 metros livres com 50.95, os 50 metros costas com 26.11 e os 100 metros estilos com 57.85.
7 – Leonor Catalão
Já nas juniores foi a nadadora do Sporting a maior ganhadora de títulos individuais.
A nadadora de Carlos Cruchinho teve na pista 2 uma espécie de talismã, uma vez que das quatro provas que venceu, três foi a nadar na pista número 2.
Leonor venceu os 50 metros mariposa com o tempo de 28.46, os 100 metros mariposa com a marca de 1:02.88, os 100 metros estilos com 1:05.27 e os 200 metros estilos com 2:22.64.
8 – Sporting
O Sporting foi a equipa sénior mais medalhada, alcançando um total de 10 ouros, 10 pratas e 6 bronzes, num total de 26 medalhas seniores, superiorizando-se ao Benfica (7+6+9) e Louzan Natação (7+0+1).
Para este primeiro lugar no medalheiro muito contribuíram as vitórias das estafetas femininas que venceram todas as 5 provas de estafetas em disputa. Somando a estas contabilizam-se duas estafetas masculinas, os 200 costas de Francisco Santos, os 100 bruços de Francisco Quintas e os 200 mariposa de Tiago Costa.
9 – Benfica
Nos juniores foi o rival da segunda circular que dominou.
A equipa de Ricardo Santos totalizou 22 medalhas juniores, sendo 9 de ouro, 8 de prata e 5 de bronze, superiorizando-se ao Algés (6+8+8) e ao Famalicão (4+3+3).
Também as estafetas foram preponderantes neste desempenho, com o Benfica a vencer as 5 estafetas masculinas e mais 3 estafetas femininas.
Individualmente, Maria Leonor Coelho acrescentou outra vitória na prova dos 100 metros livres.
10 - Juniores
Numa nota menos positiva, estes campeonatos registaram algo inédito que foi a ausência de qualquer recorde nacional júnior.
Ainda no ano passado tinham caído 9 máximos juniores, em 2019 também 9, em 2018 foram 12 e nos anos anteriores sempre houve vários recordes nacionais juniores a cair.
Muitas razões poderão justificar este desempenho menos extravagante dos nadadores juniores, como o impacto da pandemia que condicionou a evolução de nadadores em idade do ensino secundário ou o facto de nos últimos anos terem passado no escalão de juniores nadadores muito prolíficos em termos de recordes, como Diogo Ribeiro, Carolina Fernandes, Mariana Cunha, Camila Rebelo, Rafaela Azevedo, Ana Reis Sousa, etc…que agora tornam a obtenção de recordes juniores uma conquista mais exótica.
Razões várias que os clubes e os treinadores terão identificadas e que merecerão, certamente, uma reflexão profunda no seio da Federação.