Luís Liberato Baptista, Diretor do Departamento de Cultura, Desporto, Direitos Sociais e Juventude da CM de Setúbal, revela como Setúbal se tornou “numa verdadeira” prova de águas abertas, desde 2006 – três apuramentos olímpicos e 13 edições da Taça do Mundo. A partir de sexta e até domingo recebe o futuro das águas abertas da Europa -  European Júnior Open Water Championships Setúbal 2022.

«Depois da Taça do Mundo, Setúbal recebe pela primeira vez um Campeonato da Europa, neste caso de juniores em Águas Abertas…

Já há alguns anos se vinha perspetivando a possibilidade de Setúbal organizar um Mundial de juniores. Há uns anos, antes da pandemia, a FINA sondou a FPN e a CM de Setúbal no sentido de se poder realizar no Sado o Campeonato do Mundo de Juniores de águas abertas, isso não se veio a concretizar, mas temos agora o Campeonato da Europa que é, obviamente, uma alegria para a Federação, para o pais, também para Setúbal e para a Câmara Municipal.

Resultado da experiência da organização das Taças do Mundo em Setúbal?

O fim-de-semana passado realizamos a 13.ª edição mais as três qualificações para os jogos Olímpicos em 2012, 2016 e 2021. Portanto, este Europeu, com características diferentes, é uma competição com mais nadadores, perto de 30 países, representando por cerca de 200 nadadores, o dobro das pessoas da Taça do Mundo. Apresenta obviamente outro interesse com várias distâncias, 5 km, 7,5, 10, estafetas em vários escalões etários, e, portanto, é muito interessante para a organização este desafio que iremos todos ficar satisfeitos.

As condições naturais, o tempo tem em Setúbal características especiais?

O tempo podia estar melhor, mais bondoso, está ventinho, mas essa também é uma questão importante. Nos últimos anos as provas de águas abertas têm começado a deslocar-se, por questões de logística, na Europa e Canadá, para lagos. O conceito de lagos é quase um conceito de piscina – água calma, sem correntes, sem ondas. Setúbal é das poucas provas das taças do Mundo que é feito num ambiente de verdadeira Taça do Mundo – temos correntes, temos ondas, vento que pode aumentar ou diminuir a dimensão das ondas. É a própria FINA que afirma recentemente – “Setúbal uma verdadeira prova de águas abertas”. Esse conceito que contempla a imprevisibilidade do tempo.

Esta é uma prova para Juniores. Temos o futuro, mas já com algumas confirmações…

«Claro que tendo aqui jovens de 14, 15 anos, isso vai torna-se um desafio, porque uma coisa são os atletas profissionais, quase todos os que vem à Taça do Mundo, e foi espantoso, com as condições de vento que estava sábado dia 28, tiveram rajadas de sudoeste com 35km/hora, como é que houve só duas ou três desistências.  Significa que o nível está muito alto na FINA e os atletas estão cada vez mais bem preparados. Podem existir mais dificuldades, eventualmente mais desistências, mas também estamos a falar de atletas “à séria” – que já treinam há muitos anos fazem muitos km a treinar. Estamos a falar de nadadores.

A CM de Setúbal tem apresentado uma sensibilidade para este tipo de eventos desportivo com um investimento sério nesta área?

Setúbal é igual às outras cidades naquilo que são os objetivos para o desporto – disponibilizar instalações para promover a prática desportiva para todos e se possível de competição. Setúbal apresenta uma diferença da maior parte das cidades do país já que tem características naturais que poucas cidades dispõem. Portanto, o que temos realizado nos últimos anos é eventos muito ligada ao desporto, turismo, economia. Temos procurado realizar o máximo dentro do espaço natural porque o espaço natural de Setúbal não é repetível em muitos lugares. A serra da Arrábida, o estuário protegido, apesar de estar sujeito a ventos junto ao oceano atlântico é muito protegido, ao contrário de outros locais da costa onde é muito complicado realizar algo porque é em pleno oceano. Setúbal tem tentado potenciar e a FPN tem estado connosco neste desafio que fazemos nas águas abertas, mas também em outros desportos no estuário do Sado.»