Balanço do Tranquilidade Campeonato Nacional de Clubes da 1.ª Divisão Jamor 2022

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Balanço do Tranquilidade Campeonato Nacional de Clubes da 1.ª Divisão Jamor 2022

por João Bastos

Três anos depois da última edição, com um interregno provocado pela pandemia, voltou o Campeonato Nacional da 1.ª divisão. O Sporting afirmou-se como o clube mais dominador da natação portuguesa na atualidade, sagrando-se eneacampeão em masculinos e campeão em femininos.

Aqui ficam os principais destaques do fim-de-semana, de 9 e 10 de abril, passado no Jamor.

Sporting

A equipa de Alvalade alcançou vários marcos com esta conquista: tornou-se na única equipa campeã nove vezes consecutivas (a equipa masculina do Sporting estava empatada com a equipa feminina do FC Porto com oito campeonatos) e foi apenas a terceira equipa de sempre a vencer na mesma edição em masculinos e femininos, repetindo o feito alcançado pelo FC Porto em 90/91 e 91/92 e pelo Sport Algés e Dafundo em 94/95.

Destaque também para Alexis Santos que participou em todos os 9 títulos do Sporting desde a temporada 2011/2012 na 1.ª divisão (e ainda o título de campeão da 2.ª divisão em 2010/2011) e para Rita Frischknecht que segue numa série de 4 títulos consecutivos (3 com o Algés e este com o Sporting).

A equipa feminina terminou com 930 pontos, para os quais Rita Frischknecht contribuiu com 112 nas suas quatro provas individuais (e participou nas três estafetas que totalizaram 83 pontos), Francisca Mesquita com 109 pontos, Maria Moura com 105 pontos (mais 52 pontos da participação em duas estafetas), Inês Henriques com 88 pontos (58 em estafetas), Madalena Cerdeira com 87 pontos (mais 31 nos 4x100 estilos), Mariana Mendes com 83 pontos, Margarida Nunes com 72 pontos, os mesmos que Érica Reis, Leonor Catalão 69 pontos, mais 25 dos 4x100 metros livres e Mafalda Pinto com 50 pontos individuais e participação em 83 pontos das estafetas.

As sportinguistas terminaram com 3 vitórias individuais, menos 4 que Benfica e as mesmas que Braga e Porto, mas a homogeneidade e consistência dos resultados fez a diferença para a turma de Alvalade que volta assim ao lugar mais alto do pódio depois da sequência de 6 campeonatos terminada em 2006, com uma geração que contava com nadadoras como Marta Ferreira, Ana Marisa Brito, Maria João Dores, Andreia Martins, Maria Inês Leitão e Márcia Pissarra.

Já a equipa masculina totalizou 915 pontos, cujo maior contribuinte individual foi Tiago Costa com 108 pontos (mais 58 em estafetas), seguindo-se Diogo Cardoso com 102 pontos, Igor Mogne com 95 pontos (e foi o único a participar nas 3 estafetas que totalizaram 89 pontos), Francisco Santos com 90 + 58, António Mendes com 83 + 31, Alexis Santos com 2 vitórias individuais mais duas vitórias de estafetas, ou seja 62 + 62, Gustavo Ribeiro com 55 pontos mais 27 em estafeta, Bernardo Almeida com 51 + 31, Renato Frischknecht com 49 pontos, Miguel Bate com 44 pontos, Vicente Gomes com 41, Alexandre Spiess com 25 e Diogo Mateus com 21 pontos.

Em masculinos a equipa de Carlos Cruchinho conseguiu 6 vitórias em provas, as mesmas que Benfica e Braga, mas a pior classificação foi um 11º lugar, o que é bastante demonstrativo da força coletiva da equipa do Sporting nestes campeonatos.

O Sporting bateu ainda um recorde nacional de seniores na estafeta 4x100 metros livres com 3:24.34, baixando o máximo que já era seu e estava fixado em 3:25.00.

Benfica

Apesar de em masculinos ter repetido a posição da última edição e em femininos ter baixado uma posição, ficando por isso fora do pódio, o Benfica tem razões para sair satisfeito destes campeonatos, principalmente pelo lado masculino.

À parte do recorde nacional de seniores do Sporting, só a equipa de Ricardo Santos alcançou novos máximos nacionais. O único absoluto dos campeonatos veio pela estafeta 4x100 metros livres que pulverizou autenticamente o anterior recorde nacional estabelecendo a marca de 3:20.94 com um quarteto composto por Diogo Lebre, Diogo Ribeiro, Diogo Costa e Miguel Nascimento.

Registou ainda um novo recorde nacional júnior-18  nos 100 metros mariposa pelo suspeito do costume, Diogo Ribeiro, com o tempo de 52.68 e ainda um novo recorde nacional juvenil-B por Rafael Mimoso aos 200 metros bruços 2:23.84.

Do lado feminino Raquel Pereira foi a única nadadora da competição a fazer o pleno nas quatro provas nadadas. Vitórias nos 100 e 200 metros bruços, 200 e 400 metros estilos.

FC Porto

A equipa de José Manuel Borges consolidou a sua posição na hierarquia da natação nacional. Em 2019 foi 3.ª classificada em masculinos e 4.ª classificada em femininos e agora manteve a sua posição nos homens e subiu dois degraus nas senhoras.

O mais curioso é que a equipa feminina do FC Porto foi vice-campeã nacional sem vencer nenhuma prova, coisa que 6 equipas lograram fazer. Também em masculinos só obteve uma vitória por Kevins Apseniece.

As nadadoras do Porto podem não ter ganho nenhuma prova, mas nunca andaram longe disso. Destaque para Angélica André que foi 2.ª classificada aos 200 mariposa (com recorde pessoal) e 400 estilos e 3.ª classificada nos 400 e 800 metros livres. Desempenho quase idêntico teve Chiara Strickner, 2ª nos 50 e 100 costas, 3.ª nos 50 livres e 4.ª nos 100 livres.

Em masculinos, para além do 1.º lugar de Apseniece, há a contar também o 2.º lugar de Duarte Castro nos 200 costas, os dois terceiros de Leonardo Schilling (50 bruços e 50 mariposa) e os terceiros lugares de Pedro Santos (400 metros livres) e Porfírio Nunes (200 metros mariposa).

Algés

A tarefa da equipa tri-campeã do Algés em renovar o título não devia estar em cima da mesa para os responsáveis algesinos. Depois de contarem com uma grande geração que dominou a natação feminina nos últimos anos, o clube da linha viu sair nadadoras importante e encarou estes nacionais com uma equipa muito jovem.

Por isso, ter terminado no pódio da competição feminina é motivo de celebração para a equipa do Algés.

Até porque a perspetiva que se deve ter da equipa do Algés não é a da equipa tri-campeã que passou para o lugar mais baixo do pódio, mas sim da equipa que apresentou duas seniores (Francisca e Rafaela Azevedo), duas juniores de segundo ano (Marta Pires e Maria Teresa Fernandes), três juniores de primeiro ano (Rebeca Antunes, Francisca Ferreira e Luana Magalhães) e três juvenis (Constança Ferreira, Emma Bergamo e Teresa Pires) e mesmo assim terminou no pódio.

Fica o aviso para as próximas edições que a equipa feminina do Algés pode não precisar de muito tempo para voltar a lutar pelo título.

O meio da tabela feminina

Já destacámos as quatro primeiras equipas da 1.ª divisão feminina, por isso falta a referência às outras equipas que voltarão a disputar a primeira divisão na próxima época: Galitos (5ª classificada), Braga (6ª), Louletano (7ª), Belenenses (8ª) e Fluvial Portuense (9ª).

Relativamente à equipa do Galitos de Aveiro o comentário é muito semelhante ao feito à equipa do Algés. Com apenas uma nadadora sénior, a equipa aveirense alinhou ainda com cinco juniores e três juvenis com Carolina Fernandes (1.ª nos 50 livres, 3.ª nos 100 livres, 50 e 100 costas) e Maria Carolina Almeida (1.ª nos 50 mariposa, 2.ª nos 100 mariposa) em destaque.

A equipa do Braga esteve até à última prova a disputar o 5.º lugar com o Clube dos Galitos. Em grande esteve Tamila Holub que só não igualou o registo imaculado de Raquel Pereira com 4 vitórias porque foi 2.ª classificada nos 100 metros livres. De resto venceu os 200, 400 e 800 metros.

O Louletano apresentou uma equipa muito consistente nas classificações que foi obtendo. Apesar de não ter tido nenhum resultado no top-3, teve Anna Fomina, Sofia Díaz e Aroa Fidalgo a entrarem sempre no top-10 das suas provas, com destaque para os quintos lugares de Fomina nos 100 metros livres e de Díaz nos 200 metros estilos.

Já o Belenenses apostou claramente em provas cirúrgicas onde conseguiu muitos pontos como as provas de bruços. Nas três provas dessa técnica as azuis do Restelo conseguiram 147 pontos, apenas menos 11 do que o Sporting, menos 1 do que o Porto e mais 31 que o Benfica. Destaque para Lidiana Rodrigues que venceu os 50 metros bruços e ficou na 3ª posição nos 100 e 200.

O Fluvial Portuense fez uma competição notável. Uma equipa em reconstrução depois de ter visto sair nadadoras importantes desde o último nacional de clubes, parecia ter menos argumentos para a manutenção do que outras equipas que lhe ficaram atrás, mas o que é certo é que sob a liderança de Isabel Pego (2ª aos 50 livres, 3ª aos 50 mariposa), com a cazaque Irina Sorokina (9ª aos 50 bruços) e a fundista Marta Pimental (9ª aos 800 livres) a entrarem no top-10 das suas provas, a equipa de Rui Borges conseguiu o objetivo e volta à primeira divisão na próxima época.

O meio da tabela masculina

Foi nesta zona da tabela que se encontraram as batalhas de maior intensidade. Do 4.º ao 7.º lugar houve permanentes trocas de posição entre clubes, terminando 4 equipas separadas por apenas 20 pontos.

Levou a melhor o Belenenses (4.º), seguido do Louletano (5.º), Algés (6.º), Naval do Funchal (7.º), Náutico Académico (8.º) e Braga (9.º)

O Belenenses repetiu o lugar de há 3 anos, mas a forma como o fez merece ser enaltecida. Neste intervalo entre as duas edições a equipa de Belém deixou de contar com muitos nadadores importantes na equipa e ainda teve a contrariedade de uma desclassificação numa prova onde ia somar mais 26 pontos, mas sustentou este 4.º lugar na base da superação dos seus nadadores. Neste particular, destaque para os 4 recordes pessoais em 4 provas individuais de Rodrigo Dias e para as classificações de Bruno Ramos, 2.º classificado nos 200 metros livres e 3.º nos 200 metros estilos.

A equipa masculina do Louletano classificou-se dois lugares acima da posição da equipa feminina, mas com um percurso muito semelhante, isto é, sem um nadador que se tenha destacado dos demais em termos de pontuação (só Alejandro Rueda conseguiu um top-3 – terceiro – nos 100 costas), mas com quase todos os nadadores a entrarem no top-10 nas suas provas, como foi o caso de Alvaro Lopez, Ilias Elacharafi, Jesus Galindo e Alejandro Rueda.

Por apenas 3 pontos o Algés baixou uma posição na tabela na comparação com a última edição. À semelhança da equipa feminina, é também esta equipa muito jovem liderada pelos dois mais experientes Pedro Santos e Hugo Pon. Ainda houve mais um sénior de primeiro ano, seis juniores e um juvenil a compor a equipa. Com uma média de idades de 19 anos a expetativa da equipa de André Ribeiro para as próximas épocas é animadora.

A Naval do Funchal foi uma equipa que se apresentou com três figuras de proa. Fernando Silva, Xavier Belig e Lorenzo Zagli juntos somaram 303 pontos nas 12 provas individuais que nadaram, mais de metade dos pontos da equipa insular.

O CNAC também teve em Tomás Veloso um dos nadadores que mais pontos fez sozinho considerando todos os que estavam em competição. Nas suas quatro provas individuais perfez 115 pontos. Também Lucas Bastos com dois quintos e dois sétimos lugares foi um grande contribuinte para que o clube de Coimbra tivesse andado mais perto da luta dos lugares a seguir ao pódio e menos da luta pela manutenção.

Quem andou nessa luta até à última prova foi o Braga. Mesmo com José Paulo Lopes a ser o nadador que mais pontos fez em provas individuais em toda a competição (empatado com Miguel Nascimento) através das suas três vitórias e um 2.º lugar e Rafael Simões a ficar perto com três vitórias e um quarto lugar, foi na última prova individual dos campeonatos que o Braga passou o Famalicão para garantir a manutenção.

Descidas femininas

Numa edição em que excecionalmente desciam 40% das equipas em competição, a luta pela manutenção já se previa apertada e dramática.

Na classificação feminina a Académica de Coimbra fica abaixo da linha de água por apenas 24 pontos. O regresso à competição de nadadoras como Matilde Moreira, Inês Pinheiro, Beatriz Craveiro ou Tatiana Santos não foi suficiente para evitar a descida in extremis das estudantes.

O Famalicão ficou na 11.ª posição com uma promissora equipa que tinha legítimas aspirações a manter-se na 1ª divisão, mas a quem as coisas não correram bem. De qualquer forma, não deve demorar muito a regressar da 2.ª divisão.

O Náutico da Marinha Grande foi a equipa 12.ª classificada, deixando a ideia que não lhe falta qualidade para a 1ª divisão (oito classificações no top-10), mas falta-lhe quantidade, tendo de recorrer a duas nadadoras infantis. Também poderá voltar a ser bem-sucedida na próxima edição da 2.ª divisão.

A disputa entre as equipas do distrito de Leiria foi renhida, com o Bairro dos Anjos a vir logo a seguir, no 13.º lugar, a 13 pontos da equipa marinhense. Uma equipa com média etária de 17 anos e também com muito potencial para voltar ao primeiro escalão em breve.

No 14.º lugar ficou o Colégio Monte Maior, uma equipa que não resistiu à saída de nadadoras importantes. Destacou-se Andreia Alves, a única nadadora sénior desta equipa, com o 5.º lugar nos 50 metros bruços.

No 15.º lugar ficou o Leixões, curiosamente a maior equipa presente nesta 1.ª divisão. Foram 15 as nadadoras leixonenses que nadaram pela equipa, 8 delas juvenis. Destacou-se Bárbara Gomes com 9.º lugar nos 200 metros livres e o 10.º lugar nos 100 metros livres.

Por troca com estas seis equipas estarão no próximo ano na primeira divisão o Colégio Efanor, a Gesloures e o Vitória de Guimarães.

Descidas masculinas

No lado masculino a despromoção só ficou fechada na última estafeta de 4x200 metros livres.

Tal como no setor feminino, o Famalicão desce à segunda divisão também em masculinos ficando no 10.º lugar a apenas 23 pontos da manutenção, mas também como no setor feminino, o Fama tem uma equipa com qualidade, quantidade e margem de progressão suficientes para não ficar muito tempo na segunda.

No 11.º lugar ficou a equipa do Galitos de Aveiro. Destacou-se o costista júnior Diogo Silva com um terceiro lugar nos 200 costas, 5.º lugar nos 100 e 9.º nos 50.

A União Piedense classificou-se no 12.º lugar com uma equipa muito homogénea que produziu classificações muito próximas. O maior angariador de pontos foi David Cristino com 73 pontos nas provas individuais.

No 13.º lugar ficou a equipa do FOCA de Felgueiras. Glauber Silva foi o responsável por 30% dos pontos da equipa nortenha.

O 14.º lugar foi para a Associação Académica de Coimbra, com a equipa mais experiente da competição. E foram precisamente os veteranos Ruben Carvalho (2.º aos 50 bruços e 4.º aos 100 bruços) e Gustavo Madureira (6.º aos 50 livres e 9.º aos 100 livres) os maiores destaques.

No 15.º lugar ficou o Colégio Monte Maior com praticamente metade dos pontos da equipa da Académica. Pedro Silva foi o nadador que mais conseguiu contribuir para a pontuação.

Na próxima época juntam-se aos grandes as equipas do Vitória de Guimarães, Bairro dos Anjos e Natação de Olhão.

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