António Machado, treinador: «O balanço que fazemos da participação de Portugal na Taça do Mundo está dentro daquilo que era expectável.
Como sempre, algo que tenho de mencionar e me queixar: não tivemos uma pequena sorte no sorteio; saiu-nos a França e a Croácia. Nenhuma destas equipas era acessível para se conseguir acreditar numa eventual possível vitória. Não deixámos de acreditar nessa possibilidade, mas sabíamos que a percentagem disso poder acontecer era muito reduzida.
Entrámos mal no primeiro jogo da Taça do Mundo frente à França. Não foi um bom jogo, há que assumir. Uma parte desta equipa esteve no estágio do Torneio de Beja no início de setembro e, portanto, alguns dessas jogadoras a última vez que estiveram juntas foi na qualificação para o Europeu, portanto há mais de um ano. De forma alguma longe de ser o aceitável, é um facto que se refletiu, sobretudo no primeiro jogo onde não estivemos bem e acabamos por perder por um resultado desnivelado contra uma seleção que foi 6.ª classificada no Campeonato da Europa.
Frente à 8.ª classificada no Europeu, a Croácia, já conseguimos apresentar um jogo com bons níveis, bem conseguido, pena que num período para o qual tivemos um desacerto de quatro minutos que acabou por ditar um desnível que se veio a verificar no marcador. No primeiro período Portugal saiu vencedor (5-4) a jogar muito bem, a conseguir “baralhar” bastante a Croácia, que é superior a Portugal. No segundo período as coisas não nos correram bem, corrigimos, reagimos no terceiro período e perdemos por um golo e no último período onde não tínhamos hipóteses de fazer um “volte face” no resultado acabamos por perder por 4-2. Portanto, um jogo bem conseguido, pena que não tenhamos sido constantes que é uma das nossas principais lacunas.
Acabamos por ficar em 3.º lugar no grupo e jogar a classificação do 9.º ao 12.º lugar. Apanhamos a África do Sul, formação que já não é a primeira vez que nos defrontamos como foi nas camadas mais jovens no mundial de juniores, onde vencemos. Aqui, em seniores, acabamos por nos mostrar superiores, não logo na primeira parte, mas acabamos por justificar a diferença acentuada no marcador.
Com essa vitória conquistamos o direto de disputar o 9.º e 10.º lugar e calhou-nos a equipa de Singapura que tinha vencido a Bulgária, que participou no Europeu. Sentíamos que tínhamos de provar a nossa superioridade em campo. Mais uma vez na primeira parte do jogo não conseguíamos demonstrar essa superioridade, reajustamos algumas coisas e não só recuperamos no marcador, que estávamos a perder por 1, e acabamos com uma vitória dilatada ao nosso nível. E provamos que eramos superiores.
No global, como referi, acabamos por realizar aquilo que era “a nossa obrigação” sem nenhuma surpresa na fase regular perante a França e a Croácia. Com um pouco de sorte no sorteio eventualmente poderíamos estar entre os 8 primeiros. Até porque os resultados assim o demonstram – vencemos com uma diferença de 9 golos contra Singapura e a Chéquia que ficou na 8.ª posição à nossa frente apenas venceu por 2 golos de diferença. Portugal no grupo da Turquia e da Chéquia seria possível. Ainda assim cumprimos aquilo que seria exigido e esperado.
Ao nível da nossa prestação, o principal problema é não conseguirmos ser constantes nas exibições de jogo para jogo, mas no próprio jogo em si. Isso refletiu-se em todos os jogos quer com a França e a Croácia, quer com os que vencemos frente a África do Sul e Singapura em que não conseguimos uma prestação elevada constante. A equipa tem momentos igual a equipas de nível superior.
A solução passa por estarmos presentes mais vezes, mais contactos internacionais. Eu sei que o “chavão” é sempre o mesmo, mas é a verdade. Não tivemos isso ao longo do ano e, portanto, reflete-se nas exibições. As jogadoras estiveram fantásticas, deram tudo o que podiam, mas há que fazer “um trabalho de casa” antes das participações internacionais.
Foi muito bom termos vindo à Taça do Mundo. Tivemos aqui uma boa avaliação de qual é o nosso lugar a nível de ranking europeu. A Bulgária que esteve presente no último europeu foi aqui 12.º nós em 9.º e não tivemos no Europeu. Nós apresentamos aqui o pior ranking, mas sabíamos que tínhamos mais valor. Por isso temos de trabalhar mais, acreditar, porque a média de idades desta equipa ronda os 22/23 anos isso dá-nos algumas garantias que podemos subir no ranking e equipararmo-nos a equipas que estão dentro dos 10 primeiros da Europa. Sei que é repetitivo da minha parte, mas é no que acredito e vou continuar a afirmar e se me permitirem a trabalhar para que isso se torne uma realidade.
Para concluir, recordo nos quatro jogos realizados, com duas derrotas e duas vitórias, pela primeira vez conquistamos um “prize money” por cada vitória, e espero que, apesar do valor não ser significativo, seja aplicado no polo aquático nacional.»
Resultados de Portugal:
Portugal x França 15x4 (4-0; 4-1; 4-1; 3-2).
Portugal x Croácia - 17x9 (4-5, 7-1, 2-1 e 4-2).
Portugal x Africa do Sul -19x13 (6-4; 2-4; 5-2; 6-3)
Portugal x Singapura - 17x8 (3-3; 1-2; 6-1; 7-2)
JOGADORAS:
Alice Santos Rodrigues 2003 (CWE - ES); Inês Brito Nunes 1987 (SLB); Ana Beatriz Jardim 2000 (SLB); Jéssica Joana Teixeira 1999 (CFP); Beatriz Barros Carmo 1999 (AESE - ES); Joana Geadas Arromba 2006 (SLB); Beatriz Fernandes Pereira 2000 (CFP); Madalena Sofia Lousa 2003 (SLB); Carlota Bentes Milheiro 2002 (SLB); Maria Martins Machado 2004 (CNR - ES); Carolina Magano Fernandes 2003 (USA); Maria Sande Sampaio 2001 (SLB); Iara Beatriz Santos 2003 (CWP); Mariana Pinto Carvalho 2007 (CFP).
QUADRO TÉCNICO E STAFF
António Machado (SLB), Treinador; Ferran Pascual (CNR), Treinador; Luís Alves, Árbitro.
MAIS INFORMAÇÃO:https://www.worldaquatics.com/competitions/4764/women-s-water-polo-world-cup-2025-division-2/schedule?phase=All