Marco Vaza, do Jornal Público, fez uma reportagem onde aborda o duro impacto da pandemia no desporto nacional, e concretamente na natação que, em pouco mais de um ano passou de 119 mil praticantes para 22 mil.
“A natação tenta regressar à piscina
A segunda modalidade com mais federados do país avança para o desconfinamento, depois de um ano em que perdeu cerca de 80% dos seus praticantes.
Há pouco mais de um ano, antes da pandemia que envolveu o mundo, eram cerca de 119 mil os praticantes com licença desportiva registados na Federação Portuguesa de Natação (FPN), um número que fazia da natação a segunda modalidade do país com mais federados, atrás do futebol. Com a covid-19, e as restrições sanitárias associadas que obrigaram ao encerramento das piscinas, esse número desceu drasticamente, para os 22 mil, assim como explodiu o número de clubes que fecharam portas (20% dos clubes filiados), acumulando perdas de receita na ordem dos cinco milhões de euros.
Com a entrada na segunda fase do desconfinamento, a natação quer recuperar a pouco e pouco tudo o que perdeu no último ano e voltar a mergulhar na piscina.
‘As modalidades de baixo risco, nas quais se inclui a natação, vão poder começar todos os escalões de formação e treino. Para as escolas de natação, a única coisa que falta saber é se é para todos ou só para aqueles que têm licença desportiva. Com a reclassificação das modalidades, no âmbito das recomendações da DGS, o pólo aquático passa a modalidade de médio risco e para a terceira fase, a 19 de Abril. E deixa de haver a obrigatoriedade de haver testagem prévia, a não ser por aleatoriedade’, explica ao PÚBLICO António José Silva, presidente da FPN.
A componente do alto rendimento sofreu menos, mas também sofreu, aponta António José Silva, e vai notar-se no futuro a médio prazo. ‘Muitos dos atletas com potencial para serem atletas de alto rendimento abandonaram a actividade e esses vai ser muito difícil recuperá-los. Isso e a baixa muito grande na taxa de participação nas escolas de natação. Com estas duas coisas, posso garantir que vamos passar um período difícil’, reforço o presidente da FPN, reeleito em Outubro passado para mais um mandato.
Para trás fica um ano de perdas a todos os níveis que serão difíceis de recuperar e que terão consequências. ‘Foi transversal à generalidade das modalidades desportivas, a quebra da afiliação, logo a potencial quebra de hábitos de prática. Não vai ser fácil recuperar a totalidade, tendo a consciência de que vamos lidar com factores que vão obstaculizar a retoma, nomeadamente a perda de hábitos, a filiação a outro tipo de hábitos menos saudáveis. Podemos ter um problema sério com as crianças e jovens deste país’, refere o líder federativo.
António José Silva reforçou ainda a urgência na definição dos critérios de candidatura para aceder aos 65 milhões de euros de apoio estatal aos clubes e às federações desportivas: ‘É urgente que o anúncio das medidas de apoio aos clubes passe de anúncio para a concretização daquilo que são os critérios e os formulários e os prazos de candidatura, para que os clubes vejam a luz ao fundo do túnel e vejam que vale a pena investir e abrir novamente portas.”