Seminário Internacional

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A Federação Portuguesa de Natação organiza a 17 de janeiro, no auditório Jimmy Zeng + Jin Yi da Universidade Nova School of Business & Education, em Carcavelos, um seminário com o tema “Competência aquática - Um valor acrescentado à educação básica”. O mesmo contou com vários preletores internacionais, representantes de várias Federações Nacionais de Natação e Instituições Desportivas, bem como representantes da FINA, LEN e UNESCO.

Intervenção do presidente da FPN, António José Silva, na cerimónia abertura:

Exmo. Sr. Secretário Estado, Dr. João Paulo Rebelo

Exmo. Sr. Secretário geral do COP, José Manuel Araújo em representação do Presidente do COP,

Exmo. Sr. Presidente IPDJ, Dr. Vitor Pataco

Exmo. Sr. Presidente LEN, Dr. Paolo Barelli

Exmo. Sr. Representante FINA, Pedro Adrega

Gostaria de agradecer a participação das diferentes instituições neste seminário de educação aquática, com diferentes graus de responsabilidade: À SEDJ e IPDJ, aqui presentes e SE. Educação, pela disponibilidade reforçada, aliás, pela análise crítica exposta em artigo solicitado ao governo Português (OECD EDUCATION 2030 - IN-DEPTH ANALYSIS OF PHYSICAL EDUCATION (P.E.), para discutir medidas concretas para além das já existentes com as AEC e Ed. Física no 1º ciclo ensino básico e CFD, no âmbito do D. Escolar para alargar o acesso a conteúdos educacionais específicos e estruturantes para as crianças no 1º ciclo E. Básico.

Ao COP pelo apoio inequívoco junto da solidariedade olímpica internacional para o financiamento deste seminário, à Fundação do Desporto e às federações desportivas que tem a água como elemento aquático ou náuticas, com especial relevância para a F. Portuguesa de Canoagem, de Remo e de Motonáutica pelo apoio inequívoco a todas as iniciativas neste âmbito!

À APTN e ao seu presidente, elemento que a FPN definiu como interlocutor para o steering group do programa mundial Swimming for all, Swimming for life, programa no qual a FPN foi apontada como modelo de referência a seguir pelos 209 países afiliados, um agradecimento específico.

Por fim a todos os que aceitarem partilhar as suas perspetivas (F. Espanhola, F. Inglesa, Escola Norueguesa C. Desporto, Associação ibero americana educação aquática, Federação Suíça Natação, APTN) neste seminário com a certeza de que estão a contribuir para um objetivo maior que é tornar este paradigma presente na generalidade dos países desenvolvidos a nível mundial pela importância que possuem para a educação das suas crianças e jovens.

O que procuramos?

Analisando numa ótica de benchmarking procuramos as melhores praticas mundiais neste âmbito, ao abrigo dos programas da FINA e da LEN, para tornar a educação aquática uma obrigatoriedade curricular nos programas de ensino do 1º ciclo do ensino de tal forma que todas as crianças em Portugal sejam competentes no meio aquático, no final deste ciclo de ensino.

Porquê?

A costa portuguesa tem 943 km em Portugal continental, 667 km nos Açores, 250 km na Madeira onde incluem também as Ilhas Desertas, as Ilhas Selvagens e a Ilha de Porto Santo. Portugal possuiu ainda uma das maiores zonas económicas exclusivas (ZEE) da Europa, cobrindo cerca de 1 683 000 km², sendo a 3ª maior ZEE da União Europeia e a 11ª do mundo. 

Este facto é tão relevante porquanto, de acordo com os relatórios mais recentes da WHO (FEPONS; 2018), a terceira causa de morte em jovens e crianças (<15 anos) é o afogamento. Em 2013, foram registadas cerca de 372.000 pessoas vítimas de afogamento no mundo, das quais mais de 142.219 foram crianças e jovens com idade inferior a 15 anos. 

Em Portugal o número de casos fatais é preocupante. Segundo o Observatório do Afogamento (FEPONS, 2018), em 2017, tivemos mais de 112 afogamentos em diferentes planos de água: mar (36); rios (20); piscinas domésticas (5); tanques (3); poço (10); piscinas de hotel (2); praia marítima (9); barragens (9), tanto com crianças como com adultos. Estes dados não abrangem os casos não declarados, nem os registos que resultam em hospitalização, apresentando normalmente prognósticos reservados. 

Esta descrição, só por si, justificaria a existência de um programa educativo estratégico com prioridade política de competência aquática no desenvolvimento integral da criança e medida preventiva direta do afogamento.

O ensino da natação no atual sistema educativo é apresentado como alternativa, isto porque apesar das normas previstas nos Despachos n.º 12591/2006 e n.º 9265-B/2013, que preveem a lecionação de atividades físicas desportivas (facultativas) enquanto parte da oferta de enriquecimento curricular (AEC’s). 

Urge a implementação em Portugal no 1º ciclo do ensino básico de um programa de competência aquática que só será eficaz se: (1) deixar de ter carácter facultativo e passar a ter um caráter obrigatório, inserido nos conteúdos das expressões físicas e motoras do 1º ciclo; (2) a supervisão pedagógica ser operacionalizada pelo grupo de Educação Física de cada agrupamento de escolas; (3) a implementação dos projetos pressupuser a organização local com agrupamentos de escolas, autarquias, clubes, associações e técnicos disponíveis os técnicos e creditados com título profissional, estejam sob a supervisão do referido grupo disciplinar; (4) que haja um processo de avaliação concreto ao programa; (5) haja um processo de formação técnica contínua; (6) haja avaliação externa ao modelo. Este modelo com a respetiva orçamentação para todas as crianças do 1º ciclo será apresentado na parte da tarde por Aldo Costa presidente da APTN.

Este será o primeiro passo. Mudar o paradigma e assumir politicamente a aposta, que passa também pela responsabilidade objetiva das organizações desportivas devidamente coordenadas com as políticas estatais.

João Paulo Rebelo secretario de estado do Desporto e da Juventude:

“A presença dos melhores especialistas europeus neste seminário permite-nos elevara discussão desta temática tão importante para o país e para o governo. Recordamos que mais de 80 mil alunos tem experiencias ocasionais por ano, mas teremos de fazer mais e melhor. Por outro lado, os desportos e atividades aquáticas, promovem a utilização dos recursos aquáticos como o turismo desportivo. Os eventos desportivos são um fator de promoção do país, da economia e do turismo. Trabalhemos mais em parceria porque juntos seremos mais fortes. As federações podem ajudar a fazer melhor por este produto que o país apresenta ao mundo. O papel da federação Portuguesa de Natação é central em todo este processo. Este é um desafio para a humanidade.”

Arnaldo Rivero Fuxá representante UNESCO:

“Saber nadar não é uma necessidade, é muito mais que isso: é uma parte fundamental de preparação para a vida. A natação deve fazer parte da educação básica. Promoção de uma cultura mundial de nadar para a vida. Uma responsabilidade de todos.”

Paolo Barelli - Presidente da Liga Europeia de Natação (LEN):

"A visão da LEN para o futuro da Natação foi apresentada no Parlamento Europeu. Estamos empenhados na promoção da cultura da água como um fator determinante para o desenvolvimento desportivo das populações. A criação de escolas de natação em mais países é um passo importante na promoção da natação, mas há um longo caminho a percorrer. Esse caminho no aumento das competências aquáticas terá de ser implementado com politicas concretas nos países europeus. Essa é uma luta que estamos a travar para melhorar as competências aquáticas da juventude europeia.”

Fernando Carpena Pérez Presidente da Real Federação Espanhola de Natação

“Natação na Escola. Rumo à Alfabetização Aquática. É muito importante este tipo de iniciativas para podermos congregar esforços e, todos juntos, procurarmos um aumento significativo na pratica regular de natação e de competências aquáticas em geral. Espanha tem cerca de um milhão de pessoas a praticar atividades aquáticas, mas queremos melhorar e desde a iniciação até à competição podemos dar mais qualidade às práticas e combater os problemas associados aos riscos de afogamento. É isso que queremos fazer associados a outras federações com a portuguesa."

O seminário atribuiu 1.6 UC para efeitos de renovação dos títulos de Natação Pura, Polo Aquático e Natação Artística de todos os graus.

PROGRAMA

Mais informações:

Inscrição na ação através do site da FPN  https://fpnatacao.pt/formacao.php?codigo=49