Selecionador António Machado: «não é a altura para lançar a toalha ao chão»

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O selecionador nacional feminino António Machado faz o balanço da participação da seleção nacional absoluta na fase de qualificação para o Europeu 2024 que decorreu em Rio Maior.

O técnico “assume” as responsabilidades desta participação, faz uma análise da prestação da equipa nacional. Valoriza o trabalho e empenhamento das suas pupilas, destacando as boas prestações frente a Grã-Bretanha e Alemanha, que as levou a jogar “de igual para igual”. António Machado conclui «não ser a altura para lançar a toalha ao chão: estamos convencidos que Portugal está neste momento entre as doze melhores seleções Europeias e que continuando este trabalho, poderemos não só atingir o apuramento como abrir a porta para o fazer de forma sistemática durante pelo menos seis anos.»

António Machado: «Antes de mais, assumir que o objetivo assumido, que seria o apuramento para a fase final do Europeu, não foi alcançado e, enquanto responsável, sujeitar-me à avaliação que for feita pelos responsáveis federativos e às ilações que daí resultarem.

Foi um duro golpe e uma desilusão muito grande para o grupo e isso só aconteceu porque entre nós criámos a ilusão de que a qualificação era atingível e que a iríamos concretizar. Com um trabalho e uma dedicação exemplares nunca estivemos tão próximo! Em sete meses conseguimos estar juntos mais de trinta dias a treinar, a competir, a estudar equipas vendo os seus vídeos e analisando os nossos, a conviver e a criar um espírito coletivo verdadeiramente único. Torneios na Guarda e em Pontevedra; estágios com equipas estrangeiras que se disponibilizaram para treinar connosco. Doze dias juntos antes e durante a qualificação. Cuidámos de muitos detalhes e fizemos de tudo para nos apresentarmos na forma máxima, atendendo ao orçamento disponível, mas também não esquecendo a disponibilidade das próprias jogadoras que não sendo profissionais têm de conciliar estes momentos com os seus afazeres escolares com os seus trabalhos e com os treinos nas suas equipas e as competições nacionais.

A FPN investiu, dentro das suas possibilidades, e sem pôr em causa que as jogadoras merecem sempre mais, temos de ser pragmáticos e reconhecer que elas não tinham mais tempo para disponibilizar para a preparação da seleção nacional relembro estivemos juntos mais de um mês.

A nossa prestação desportiva quer em termos de dinâmica de jogo, quer em termos de organização, permitiram que fizéssemos uns “Jogaços” em comparação com a última qualificação onde encontrámos Israel e França 6.ª e 7.ª classificadas do europeu de 2022. Na altura perdemos por dez golos com Israel 18-8, o que se me permitem a comparação seria o mesmo que a equipa masculina perder por esta margem com Montenegro que também foi sexto. Com a França estivemos empatados a dez segundos do final do terceiro período e cedemos no final, para 12-7. Este ano por outro lado jogámos de “igual para igual” com duas equipas que estarão de certeza no top Tem do próximo Europeu. Acreditámos e de facto poderíamos ter vencido tanto a Grã-Bretanha com a Alemanha ou pelo menos esta última já que a Grã-Bretanha é uma equipa fantástica que ficará certamente entre oito primeiros do Europeu. Em duas qualificações sucessivas encontrámos no nosso grupo a 6.ª e 7.ª equipas europeias quando se apuravam doze e agora para apurar dezasseis encontrámos duas equipas das dez melhores da Europa.

Na minha opinião, contra a Grã-Bretanha realizámos o melhor jogo internacional de uma equipa Portuguesa de Pólo Aquático e, também por isto, ficámos com uma divida em termos de fadiga que nos obrigou a estar uns furos abaixo no jogo com a Alemanha cerca de doze horas depois.

Aceito as críticas relativas à minha gestão, mas todos assumimos que esta qualificação seria encarada jogo a jogo e que enquanto houvesse possibilidade de vencer ninguém se pouparia.

É importante que quem queira opinar sobre esta qualificação o faça com conhecimento ou, pelo menos, depois de uma análise séria sobre a forma como a mesma decorreu e não baseados em factos passados há dezenas de anos.

Não é a altura para lançar a toalha ao chão. Estamos convencidos que Portugal está neste momento entre as doze melhores seleções Europeias e que continuando este trabalho independentemente de quem seja o responsável, na próxima qualificação poderemos não só atingir o apuramento como abrir a porta para o fazer de forma sistemática durante pelo menos seis anos.»