Ferran Pascual: «seleção a um passo gigante na evolução do polo aquático»

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O treinador Ferran Pascual faz a análise do jogo de Portugal frente à India (20-4) hoje para o Mundial Sub 20 feminino Coimbra 2023.

Ferran Pascual, que integra a equipa técnica da seleção de Portugal, com o selecionador António Machado e a treinadora Beatriz Cavaleiro, analisa também os jogos frente de ontem frente ao Japão (17-19) e o próximo jogo com o Cazaquistão, sexta-feira para o 15 e 16.º lugar. O treinador espanhol faz também uma análise da preparação e do momento positivo que a seleção revela neste Mundial.

Como analisa o jogo de Portugal frente à India?

Ferran Pascual: «O jogo de hoje frente à Índia foi bem diferente do jogo que realizámos ontem frente ao Japão. A Índia, que está a participar pela primeira vez no Mundial, é uma equipa que está a evoluir. A seleção de Portugal sabia desse nível, e dos resultados desnivelados que sofreu, mas queríamos fazer as coisas simples e a partir daqui evoluir. O primeiro quarto foi perfeito (8-0) mas a segunda parte foi um desastre e igualamos o marcador (2-2) porque não demos a nossa melhor versão. Num jogo do Mundial temos de dar sempre o nosso melhor, dar o nosso máximo, procuramos passar essa mensagem às jogadoras. Temos de dar tudo em cada jogo. Depois temos de ser mais regulares e para isso treinar juntas e dar o máximo em cada jogo. O terceiro tempo voltou a ser perfeito (3-0). Sempre com ambição: quando jogamos contra a Holanda ou Hungria, Espanha, Estados Unidos essas seleções não vão desperdiçar nenhum golo. Vão dar tudo em cada jogada. E nós temos que aprender com esses países que são as referências. Elas respeitam os rivais, mas dão tudo em cada jogada. Temos de aprender com elas. Quando defrontamos equipas do valor de Portugal damos tudo e estamos orgulhosos, mas quando jogamos com seleções mais fracas temos de dar também o nosso máximo para mostrar que Portugal é já uma equipa de nível médio/alto.

O jogo de ontem com o Japão era também para vencer…

O jogo com o Japão foi para mim, e eu disse às jogadoras, o melhor jogo que fizemos com a equipa júnior de sempre. Recordo que o Japão leva já mais de 10 anos neste nível ao estar na top 10 do mundo tanto em juniores, como mundiais e jogos olímpicos. O Japão tem uma forma de jogar que exige muito dos adversários porque jogam diferente de todas as outras equipas. Como são pequenas jogam muito rápido, com muito movimento. São grandes nadadoras e isso exige um ritmo de jogo altíssimo. Portugal conseguiu aguentar esse ritmo durante quase todo o jogo. Tivemos a perder por três, chegámos a estar a vencer por três… chegámos ao final, mais cansadas. Nos últimos 3/4 minutos falhamos por stress por cansaço. Elas trocaram mais o banco. A verdade é que estivemos ao nível do Japão, uma seleção como disse está num nível mundial muito bom. Acredito que no futuro podemos ganhar-lhes, tanto em juniores como seniores. Estas jogadoras vão terminar o mundial e serão seniores. Esta geração de jogadoras, como as que estão para chegar, podem marcar a histórias do polo feminino em Portugal e jogar no Europeu e estar nos 10 primeiros nos próximos 5/6 anos. Esse é o objetivo e este Mundial permite-nos dar um passo mais à frente. Recordo que foram espetaculares frente à Nova Zelândia que irá ficar entre as 8 primeiras estivemos em 10-7 quando faltava 3 minutos. Coma África do Sul vencemos de forma perfeita com o Chile também. Estivemos a par com o Japão, portanto estamos neste Mundial por mérito próprio, merecemos estar neste campeonato. Portugal está a dar uma boa imagem, esforçaram-se mostrando que o trabalho leva a bons resultados que podem ser vitórias ou não. Ontem com o Japão não foi um vitória, mas ficamos orgulhosos delas porque achamos que foi um grande jogo. Vamos melhorando e essa linha que temos de segui para Portugal, com ambição e orgulho.

O próximo jogo com o Cazaquistão, na sexta-feira…

É um jogo importantíssimo para Portugal. É a nossa final. Se ficarmos em 15.º é a nossa melhor classificação recordando que este mundial não tem nada a ver com o mundial de há quatro anos: agora tem 20 equipas, o que deixaremos 4 equipas para trás, num mundial com nível muito mais alto. As meninas merecem uma vitória e vão dar tudo. Portugal dê um passo mais no ranking do polo aquático.

O Mundial é uma experiencia única para evoluir.

Portugal deu um passo em frente surpreendendo não só nas vitorias como na qualidade de jogo. Estas jogadores e as seniores, todas juntas, podem dar um passo de gigante na evolução do polo aquático. Tudo depende do trabalho a realizar. Temos de continuar a trabalhar, trabalhar, trabalhar, desde os clubes, que são a base do desporto e dar continuidade também na seleção. Todas as jogadoras portuguesas aqui presentes estão no seu melhor momento, de forma física, técnica e tática. Agora há que olhar para a frente.